quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Histórias da Igreja Catolica da Colônia Blumenau - Pelo Padre Antônio Francisco Bohn - 1915

Foto feita do elevado onde atualmente se encontra a Catedral São Paulo Apóstolo - Ano 1915 - Blumenau
Nós já publicamos uma postagem que dissertava sobre uma fotografia histórica da Wurststrasse - Rua XV de Novembro - Blumenau, tirada no ano de 1915. Essa fotografia foi publicada no Blog Brasiliana Fotográfica Digital e permite-nos uma viagem no tempo. Uma imagem feita a partir do morro da igreja católica do centro - voltada para o ao Porto Fluvial - no ano de 1915 - por um fotógrafo desconhecido. 
No ano de 1915, ano que foi feita a fotografia, Blumenau possuía um porto fluvial e estações ferroviárias. Tinha 65 anos de fundação. 
A Rua XV de Novembro possuía alguns exemplares de edificações construídas com a estrutura enxaimel. Os novos comerciantes adotavam novas linguagens construtivas, o eclético e art decó - novas tendências internacionais.

Para ler mais sobre a fotografia - Clicar sobre: História de Blumenau - 1915 - Fotografia

Fotografia preciosa que mostra a vista de uma Rua XV de Novembro inédita. Vista do elevado da Igreja Católica, descrita nesse mesmo ano de 1915, em uma história resumida contada por um padre, em forma de uma crônica.
Apresentamos a crônica que conta, de maneira resumida, uma história da paróquia da Colônia blumenau, escrita pelo Padre Antônio Francisco Bohn - publicada no 2° Livro de Tombo da Paróquia  São Paulo Apóstolo - página 5. 
Paróquia de Blumenau - Matriz São Apóstolo na data do Artigo apresentado.
Rua XV de Novembro
Artigo - escrito no ano de 1915
Padre Antônio Francisco Bohn
"Foi no ano de 1850 que teve início este núcleo colonial, situado na confluência do Rio Garcia com o Rio Itajaí, hoje a florescente cidade de Blumenau. O Dr. Germano Blumenau, colonizador alemão, subindo o rio Itajaí, aportou no dia dois de setembro nestas paragens e escolheu o então imenso mato virgem este lugar para a sede de uma colônia alemã.
Os primeiros colonos eram umas dezessete pessoas, mas o ano de 1852 veio trazer mais 110 colonos, o ano de 1854 mais 147 e assim por diante foi crescendo o número de braços destros no desbravamento das matas virgens portadoras de cultura, civilização e prosperidade a estas regiões, até então dominadas exclusivamente por índios e feras. Tanto o fundador do núcleo como os primeiros colonos eram protestantes, sendo muito pouco os colonos católicos até o ano de 1861, ano este porém que viu chegar uma turma de imigrantes católicos no número de 150, o que deu origem à construção da primeira capela. Terminada esta capela primitiva em 1864 foi visitada trimensalmente pelo então vigário de Gaspar, o Rev. mo Pe. Alberto Francisco Gattone até o ano de 1870 quando levantaram uma nova capela maior, na qual paroquiou durante três anos o Rev. mo Padre Guilherme Roemer. Após este m~es de junho foi solenemente instalada a nova paróquia e empossado o seu primeiro vigário, o Rev.mor Pe. josé Maria Jacobs, estando presentes a este ato todas as autoridades civis do lugar, o quais assinaram o respectivo auto conforme está no Livro do Tombo, folhas 1 e 2. a nova paróquia de Gaspar, ao Norte com a de Joinville, ao Oeste com os distritos de Curitibanos e Lages e no Sul eram as vertentes dos Rios Itajaí-Açu e Itajaí-Mirim que formavam os seus limites, compreendendo destarte um sítio quase imenso de mata virgem interrompida cá e lá por uns vinte núcleos coloniais mais ou menos.
Aos primeiros colonos, que eram exclusivamente alemães, foram-se juntando no correr dos anos, colonos de outras nacionalidades, mormente italianos, polacos, e umas poucas famílias luso-brasileiras. O rev.mo Pe. José Maria Jacobs trabalhou com zelo extraordinário no desenvolvimento da paróquia, ora na matriz, tornado-a uma casa digna de culto divino, dotando-a a seu custo de alfaias e imagens ora na construção da mocidade, abrindo escolas e colégios, o colégio de São Paulo, fundado em 1885, o qual foi por muitos anos o único instituto. de ensino superior nesta província ora visitando as colônias afastadas, levantando capelas e suavizando de todas as maneiras a vida dos primeiros colonos tão cheia de sacrifícios.
finalmente em 1892, exausto e adoentado por tamanhos trabalhos, com autorização diocesana fez entrega da sua paróquia com as 13 capelas filiais à Ordem Franciscana, fazendo ao mesmo tempo à dita Ordem doação de todos os bons móveis e imóveis que nesta praça possuía, impondo-lhe a obrigação de serem conservadas e continuadas as suas instituições e querendo retirar-se para a sua terra natal veio a falecer na Santa casa do Rio de Janeiro, vitimado pela febre amarela.. que Deus recompense largamente no céu ao seu servo fiel, que soube tornar-se merecedor de eterna gratidão desta paróquia.
Estando confiada a cura de almas deste distrito à Ordem de São Francisco, em particular aos respectivo superior do  Convento, que em breve se levantou nas proximidades da matriz, teve esta paróquia a honra de visitas canônicas de seus antístites diocesanos a saber: em 1895 e outra vez  em 1902 a visita do Ex.mo. e Rev. mo. Senhor Dom José Camargo Barros, primeiro bispo dos Estados de Santa Catarina e Paraná, em 1905 de seu sucessor, do Ex. mo. e Rev. mo. Senhor  Dom Duarte da silva, em 1909 a visita do primeiro Bispo do Estado de Santa Catarina Dom João Becker e em 1915 a de seu sucessor, o Ex. mo. e Rev. mo. Senhor Dom Joaquim Domingues de Oliveira. Precisando os franciscanos de uma parte do vasto terreno da matriz para a construção do convento, a autoridade diocesana fez doação deste terreno como refere o despacho lançado no Livro de Tombo à folhas 29 verso. Tendo crescido rapidamente  o número das  colônias e capelas no quadro desta extensíssima paróquia, foi separado da mesma em 1901 por Dom José de Camargo Barros o distrito de Rodeio e elevado à categoria de paróquia independente, em 1911 foi separado o distrito de Massaranduba por Dom João Becker e em 1912 o distrito de Luiz Alves pela mesma autoridade diocesana, ficando desta maneira reservada à paróquia de Blumenau a parte sueste do antigo distrito da colônia com uma oito capelas filiais e um números total de 5 para 6 mil católicos. sob a direção espiritual da Ordem Franciscana, esta paróquia tem progredido extraordinariamente não somente no que diz respeito  ao número de fiéis, mas principalmente no desenvolvimento brilhante da vida católica, já pela regularidade e beleza das funções do culto e das festas católicas, já pela  facilidade crescente de comunicações com a sede paroquial e mormente pelo zelo e a atividades dos vigários que souberam impulsionar a prática da vida cristã por meio de missões, catequese, conferências, associações, Filhas de Maria, Ordens Terceiras, Mães Cristãs, Irmãos de São José, etc., por numerosas escolas paroquiais e pela boa imprensa, o que todo mês dão os algarismos do quadro sinóptico de que segue:


Fonte: Blumenau em Cadernos - Tomo XXXVI - Janeiro de 1995 - Nº1

Comentários sobre o artigo histórico escrito no ano de 2015 (acima).


Padre José Maria Jacobs
O Padre Padre Antônio Francisco Bohn contou parte da história que envolve o Padre José Maria Jacobs. Mais sobre, escrevemos no link, listado abaixo - O primeiro pároco católico da Colônia Blumenau não teve vida fácil e perdeu sua vida, por isso.
Lamentamos que o Colégio Franciscano e todo o patrimônio doado pelo Padre José Maria Jacobs aos Franciscanos tenha sido comercializado com um grupo de Curitiba e atualmente é um dos Colégios mais caros de Blumenau. Por muito tempo, o Colégio Santo Antônio foi tradição na Colônia Blumenau e municípios do Vale do Itajaí. Muitos estudaram em seu espaço, como seminarista e internos, igualmente.
Colégio Santo Antônio
Colégio atual



E para terminar, em todo o tempo que destinamos à pesquisa, nunca tínhamos lido o nome do fundador da Colônia Blumenau - Sr. Hermann Blumenau, como Germano Blumenau. Não está errado.

A origem do nome Hermann é do alemão e significa Germânico (Germano) - forma alemã de Armando - Armínio - nome teutônico que representa "Homem do exército" ou "Homem das armas" e também o primeiro herói germânico.
Monumento de Armínio na Floresta de Teutoburgo
Leituras complementares...
(Clicar sobre o Título escolhido)

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