quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Senado aprova afastamento definitivo de Dilma

Deutsche Welle
Por ampla maioria, senadores decidem pelo impeachment da presidente, encerrando 13 anos de governo do PT e instalando o PMDB de volta ao poder após mais de duas décadas.
O Senado decidiu nesta quarta-feira (31/08) afastar em definitivo Dilma Rousseff da Presidência da República. Ao todo, 61 dos 81 senadores decidiram que a petista cometeu crime de responsabilidade e deve perder o cargo. Bastavam 54 votos para que o presidente interino Michel Temer fosse empossado como novo presidente. Apenas 20 senadores, a maioria do PT e do PCdoB, votaram para que Dilma permanecesse como chefe de Estado.
Alguns senadores petistas ainda conseguiram convencer o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que presidiu a sessão do Senado, a dividir a votação em duas etapas: uma sobre a perda do mandato e outra, também nesta quarta, sobre a dos direitos políticos. Caso também perca, Dilma fica inabilitada de exercer cargos públicos por oito anos.
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que presidiu a sessão histórica no Senado Federal
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que presidiu a sessão histórica no Senado Federal
A votação encerrou um ciclo de nove meses, iniciado quando o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), um desafeto de Dilma, aceitou um pedido de impeachment elaborado por um grupo de juristas. Eles acusavam a petista de cometer crime de responsabilidade por causa das chamadas pedaladas fiscais e pela publicação de decretos sem a autorização do Congresso.
Nesse período, Dilma perdeu todas as votações decisivas na Câmara e no Senado que envolveram a continuidade do processo. Em abril, ela não havia nem conseguido o apoio de um terço dos deputados para barrar o processo. O resultado desta quarta-feira já estava sendo previsto há semanas, conforme os aliados de Temer se mostravam confiantes, e Dilma demonstrava dificuldades em contornar a tendência de derrota.
A saída de Dilma marca o fim do ciclo petista na Presidência, que foi iniciado em 2003 com Lula
A saída de Dilma marca o fim do ciclo petista na Presidência, que foi iniciado em 2003 com Lula
Vários senadores admitiram que os debates e argumentações que ocorreram nas últimas semanas envolvendo o mérito das acusações não fizeram qualquer diferença, e que a maior parte dos parlamentares já havia escolhido o seu lado. Até mesmo alguns petistas já vinham admitindo que seria muito difícil reverter o quadro. Nos últimos dias, aliados de Temer vinham se preocupando apenas em ampliar a sua vantagem na votação.
Com o resultado, o PMDB de Temer volta à Presidência após um intervalo de mais de 20 anos. O último presidente filiado à legenda foi Itamar Franco (1992-1994), que também assumiu o cargo na esteira de um processo de impeachment.
Fim do ciclo petista
O resultado também marca o fim do ciclo petista na Presidência, que foi iniciado em 2003, com Lula. Agora, o PT vai voltar oficialmente a ser um partido de oposição, algo que já vinha fazendo interinamente desde maio, quando Dilma foi afastada temporariamente do Planalto.
Antes mesmo da votação final, a defesa de Dilma já havia anunciando que pretende contestar o processo de impeachment junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Duas ações nesse sentido já estão sendo preparadas.
Alvo de processo de impeachment em 1992, o ex-presidente Fernando Collor discursa antes da votação
Alvo de processo de impeachment em 1992, o ex-presidente Fernando Collor discursa antes da votação
Nos últimos dias, diante da tendência de derrota, Dilma ainda lançou mão de suas últimas cartas. Na segunda-feira (29/08), compareceu pessoalmente ao Senado e discursou por 45 minutos. O tom foi parecido com o de suas últimas declarações públicas. Ela reiterou que considerava o processo uma forma de “golpe” e denunciou o que chamou a deslealdade e traição de ex-aliados.
A última fase do processo de impeachment havia sido iniciada na última quinta-feira. Na terça-feira, um total de 63 senadores discursou em uma sessão que se arrastou por 12 horas.
Michel Temer vinha demonstrando impaciência e tentou a todo custo e apressar o resultado final para que o peemedebista pudesse viajar para China, onde vai ocorrer uma reunião do G20 entre os dias 4 e 5 de setembro.
  • Data 31.08.2016
  • Autoria Jean-Philip Struck

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