sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Casa Azul - Odebrecht - Apiúna/Subida

Casa foi idealizada no século XIX pelo genro e filha de Emil Odebrecht no local de apoio e pouso de suas primeiras expedições.


Casa Azul – Observar que o anexo originalmente
existente no lado direito foi trocado por uma varanda.
Próximo à localidade de Subida – Apiúna – Médio Vale do Itajaí, antigo território da Colônia Blumenau, há uma edificação pertencente ao patrimônio cultural arquitetônico desta região de Santa Catarina – conhecida como Casarão de Apiúna ou Casa Azul. A casa se encontra em bom estado de conservação e integrada à comunidade local e regional.
Localização da Casa Azul em um mapa de 1905, feito por José Deeke.




A edificação histórica foi construída em 1893 pelo casal Albert Zimber (1872 – 1945) e Auguste (Odebrecht) Zimber (1878 – 1954). Sua construção teve a duração de 10 anos. A família Zimber viveu na residência por somente dois anos.

Arquitetura

A edificação é uma tipologia eclética com predominância da linguagem neoclássica, influência dos imigrantes italianos assentados nos arredores, como Ascurra, por exemplo.
Casa Husadel.
Também, reporta a nova linguagem da estética e da arte do início do século XX, o neoclássico. Muitas vezes, quando não se podia construir com estrutura autoportante, a antiga tipologia construída em enxaimel era rebocada.
Recebia detalhes e decorativismos do estilo vigente – edificações adotadas pelos “novos ricos” – comerciantes e industriários, durante o surgimento das diferentes classes sociais, consequência da classificação do trabalho.
Curiosamente, esta edificação histórica tem praticamente a mesma idade da Casa Husadel, localizada na rua XV de Novembro – que é uma edificação construída com a técnica construtiva enxaimel rebocado, passando a ilusão de ser uma tipologia do neoclássica – que geralmente são edificações autoportante construídas com tijolos maciços rebocados – ou com pedras.
No período Românico, em contato com a alvenaria e diferentes argamassas usadas pelos romanos, passou-se a usar a pedra e depois, o tijolo para construir os fechamentos/paredes das edificações com estrutura de madeira. A fotografia ilustra uma estrutura mista de madeira e alvenaria. Fränkische Freilandmuseum Bad Windsheim – Fotografia em 12 de maio de 2016. Fonte: WITTMANN, 2019.

Sua técnica construtiva é autoportante com tijolos maciços rebocados. Aberturas em madeira, sendo janelas com duas folhas de abrir, como também as portas, contando com a presença de bandeira. O telhado apresenta estrutura de madeira com cobertura de telha cerâmica tipo “rabo de castor” (plana – germânica). Curiosamente a edificação, construída por um imigrante alemão de Baden, foi concebida com a presença de um porão, para a fabricação de vinho – na Alemanha o porão é denominado “Keller’, onde também eram e em alguns lugares ainda são, acondicionados os embutidos, compotas, mussis e geleias, sucos e cerveja. O “Keller”, na arquitetura alemã é influencia dos romanos através do domínio do Império Romano em grande parte da região onde atualmente está a Alemanha, como também, o é, a construção mista através da presença da estrutura autoportante junto com a estrutura de madeira – enxaimel.




Família Zimber

A Casa Azul foi construída pelo genro do engenheiro agrimensor Carl Wilhelm Emil Odebrecht – ou Emil Odebrecht, Albert Zimber. Albert era esposo da filha de Emil Odebrecht – Auguste.
Quando Albert e Auguste Zimber se mudaram de Blumenau, Albert vendeu a propriedade para seu cunhado – Emil Martin Woldemar Odebrecht (1879 – 1961), também, filho de Emil Odebrecht. Este filho era casado com Alma Wilhelmine Henriette Hasse (1890 – 1920).
O casal Zimber, nesta época, tinha os filhos, nascidos em Blumenau: Hedwig Zimber (1898 – – ), Elisa Cäcilie Érika Zimber (1901 – 1975) e Erich (Eric - inglês) Zimber 1903-1990). Para registro, o nome da família também pode ser escrito como Zimbler, como é visto em alguns documentos. Ao todo, Albert e Auguste tiveram sete filhos: Hedwig, Charlotte, Margarethe, Ottilie, Elisa, Erich (No Estados Unidos era chamado de Eric) e Alfonso.
Achamos intrigante o destino da família Zimber, após a construção de seu casarão na Colônia Blumenau, quando se mudaram de Blumenau. Em alguns apontamentos encontramos que retornaram para a Europa. No entanto há documentos do filho Erich residindo no Estados Unidos da América, como americano. Em contrapartida, Auguste faleceu no Brasil, na cidade de São Paulo, bem como, seu marido Albert e algumas de suas filhas. Portanto, podemos deduzir que a família Zimber, mudou-se para São Paulo, uma vez que haviam inúmeros registros de visitas de Erich, que residia nos Estados Unidos, e este ficava hospedado em São Paulo.
Aparentemente o filho dos construtores da casa tornou-se cidadão americano.

Hospedado em um Hotel de São Paulo. Documentação de visitante estrangeiro. Ano de 1954.




O Visto de entrada apresenta seu nascimento em Blumenau em 1903. Passagem pelo Brasil em 1960.

Escola Alemã – com a presença do Professor Rudolf Damm.
Também consultamos o livro
“Cartas de Família – Ensaio Biográfico de Emil Odebrecht” de Rolf Odebrecht, seguindo a sugestão de Marcos Schroeder, e encontramos algumas informações interessantes. De acordo com o publicado neste livro, Albert  foi sócio de Oswald Odebrecht em Aquidaban – Apiúna, antes de construir a Casa Azul, a qual terminou de construir em 1903. Em 1906, embarcou com a família para a Alemanha, para a cidade de  Bad Suggental, onde possuía um hotel/pensionato de alto padrão. Seu empreendimento foi perdido para um grande incêndio. Retorna para Blumenau em 1913, quando assumiu a direção da Escola AlemãNeue Deutsche Schule (Na foto com a presença do Professor Rudolf Damm – primeiro Diretor da escola). Depois de um tempo, mudam-se para Itajaí, onde funda a escola Teuto-Brasileira.
Albert Zimber nasceu na cidade de Freiburg, Baden, na Alemanha e era filho de Wilhelm Zimber e de Ottilia Schlatterer.
Acesso ao porão.
Renate Odebrecht
(esposa de Rolf Odebrecht) disse sobre Albert Zimber:

“…O porão da casa é uma verdadeira obra de arte e foi planejado para abrigar uma vinícola. Albert sonhava em fazer vinho. Foi um imigrante que veio com uma pequena fortuna e tinha uma formação privilegiada, tanto que quando voltou ao Brasil no despontar da Primeira Guerra Mundial, foi professor e diretor da Escola Alemã em Blumenau e depois em Itajaí.” Renate Odebrecht – esposa do neto de Emil Odebrecht – Rolf 

Emil Martin Woldemar Odebrecht – ou somente Woldemar Odebrecht – enquanto residia com sua família na Casa Azul possuía um comércio que atendia os viajantes e tropeiros. Além da atividade comercial, Woldemar foi chefe de telégrafo e chefe da Estação da EFSC – nas proximidades do Morro Pelado da ferrovia EFSC, conhecida comunidade de Subida.
Casa de uso misto: Comercial e residencial.


Estação de Subida - EFSC - atual Apiúna. Quase a mesma volumetria da Casa azul. A cor poderia ser cor original da Casa Azul, igualmente - tom amarelado.  Fonte Google Earth. (Esta velha edificação sempre chamou nossa atenção - quando passávamos na rodovia BR 470).
Estação da EFSC, de Subida. Quase a mesma volumetria da Casa azul. Fonte: GIESBRECHT.
Localização da Estação de Subida - onde trabalhou Emil Martin Woldemar Odebrecht – ou somente Woldemar Odebrecht – enquanto residia com sua família na Casa Azul possuía um comércio que atendia os viajantes e tropeiros. Além da atividade comercial, Woldemar foi chefe de telégrafo e chefe da Estação da EFSC - nas proximidades do Morro Pelado da ferrovia EFSC, conhecida comunidade de Subida.

A distância entre a Casa Azul e Estação ferroviária de Subida (EFSC).










Emil Odebrecht.
De acordo com
Nelcio Lindner, a Casa Azul foi hotel no final da década 1920 e início 1930, sendo que seus familiares eram hóspedes frequentes no local. Homero Gastaldi Buzzi, filho da Professora Apolônia Gastaldi, ex proprietária da Casa Azul e responsável por parte de sua recuperação, mencionou fatos históricos ligados à casa. Contou que no local, antes de sua construção, antes de 1867, o engenheiro Emil Odebrecht construiu um rancho – que ficou conhecido como a rancharia do Odebrecht. Este local era usado como apoio, descanso e pouso de tropas e viajantes, bem como local da parada das expedições de Emil Odebrecht, criando lastro para um interposto comercial adotado, depois, através da construção da Casa Azul concretizada pelos Zimber.
O local, até então, já era reconhecido como apoio e local de pouso às expedições que Emil Odebrecht empreendeu para abrir o "picadão" até a Serra (Curitibanos).
A Professora Apolônia Gastaldi, ao adquirir a edificação histórica que se encontrava em estado ruim de conservação, recuperou o patrimônio cultural e a vendeu aos Taffner na década de 2000, passando a fazer parte do patrimônio da UNIASSELVI.
De acordo com Homero Gastaldi Buzzi, a cor original da casa se resumia nas molduras e aberturas azuis, e no lugar do branco caiado nas paredes - atual, havia, originalmente, amarelo, pois a antiga tinta levava na receita, óleo de baleia, que é selante, o que fornecia um tom amarelado. Nós concluímos pelo registro histórico que encontramos na pesquisa, que cimalhas e aberturas eram brancas e não azuis. Na fotografia preto e branco era mais claro que a cor do corpo da casa.
Fotografia do início do século XX - Aberturas com tom mais claro que o corpo da casa.
O local se chama Morro Pelado - que é um monte rochoso que está localizado nas proximidades e onde – os antigos mantinham vigia, como Martinho Marcelino de Jesus, mantinha.
No km 111 da BR 470 - Distrito de Subida, Apiúna - residiu por algum tempo, o mateiro de Emil Odebrecht, depois balseiro em Rio do Sul (Südarm), Basílio Correia de Negredo - natural de aldeia quilombola em Rio Morto, Indaial.

(...) e depois, residiu meu bisavô materno João Bento Souza da Silveira Péres - pai da mãe de minha mãe, que era original de Armação do Itapocorói, na Penha - onde caçavam baleias." Homero Gastaldi Buzzi, em 18 de dezembro de 2020. 

“Há o Ribeirão Carvalho. Marcílio d’Andrade foi conhecido de meus familiares maternos. Muitos que por ali viviam, quando da implantação da EFSC, acorreram para obter empregos na construção da ferrovia. Para baixo, no Morro do Cruzeiro, há uma cruz de trilhos, em homenagem a dois trabalhadores mortos em explosão de dinamite para a abertura do túnel que há sobre tal morro. Ali já é São Pedro. (…) O Morro do Cruzeiro passou a ser chamado pelos desconhecedores visitantes do Morro do Cruzeiro de Morro Pelado, quando na verdade, o Morro Pelado está atrás da Casa Azul, na saída do Ribeirão Carvalho.” Homero Gastaldi Buzzi, 18 de dezembro de 2020.

A Casa Azul foi recuperada pela escritora e historiadora, Apolônia Gastaldi e foi adquirida pelo Grupo Uniasselvi, família Taffner, em 10 de outubro de 2003.
O fundador e chanceler do Grupo UNIASSELVI, Prof. José Tafner, explicou, durante gravação  de reportagem da Rede Bela Aliança de Televisão (RBA), de Rio do Sul, os motivos da aquisição do imóvel e os investimentos da instituição na restauração e manutenção do casarão. Os espaços da Casa Azul são utilizados pela comunidade, como por exemplo –  sede da Associação Cultural, Ecológica e Turística Aquidaban e também um museu. Seu objetivo e deixar a edificação histórica à disposição da comunidade do Vale do Itajaí, para visitas e estudos. Atualmente a Casa Azul é apresentada como um museu.

As imagens comunicam…




Porta de acesso do comércio.


A Casa Azul possui as linhas originais do projeto do século XIX.




Empena com a presença das janelas – característica da presença da mansarda.











Estrutura falquejada.



Porão, onde já funcionou uma adega e local de fazer vinho.

Estrutura falquejada.



Acesso ao porão.








Madeira estrutural falquejada - porão.


Escultura de grandes aves - Harpia, muito comum na região - de´cadas atrás.



Resquícios da História da grande Colônia Blumenau, 
na paisagem Atual!
Referências
  • BEDAL, Konrad. Häuser und Landschaft – Fränkisches Freilandmuseum. Ansbach – Alemanha: Editora Schmidt Druck GmbH, 1999.
  • CAVALCANTI, Carlos. História das Artes: curso elementar. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
  • GERLACH, Gilberto S.; KADLETZ, Bruno K.; MARCHETTI, Marcondes. Colônia Blumenau no Sul do Brasil. 1. ed. São José: Clube de cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019.
  • GIESBRECHT, Mennucci Relph. Estações ferroviárias no Brasil. Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/index.html> Acesso em: 14 jun. 2022.
  • HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau, 1.ed. Méri Frotschter Kramer e Johannes Kramer (organizadores). Escrito em 2018. Blumenau: Edifurb, 2015. 227 p. : il.
  • IPHAN FCC – SC – Patrimônio Cultural Brasileiro. Blumenau – Comercial Husadel. Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/blumenau-comercial-husadel/#!/map=38329&loc=-26.768295913354663,-48.818435668945305,9
  • ODEBRECHT, Rolf. Cartas de Família – Ensaio Biográfico de Emil Odebrecht e Ensaio Biográfico de seu Filho Oswald Odebrecht Sênior. Rolf Odebrecht, Renate Sybille Odebrecht. 576 p.: Blumenau: Edição do autor, 2006
  • VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Edifurb, 1995. 248p, il.
  • SILVA, José Ferreira. História de Blumenau. -2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
  • WETTSTEIN, Phil. Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig: Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.
  • WILLIAMS J. H. Romanas de materiais de construção no Sudeste da Inglaterra. In: Britannia, v. 2, 1971, p. 166-195. Sociedade para a Promoção de Estudos Romanos. Disponível em: <jstor.org/stable/525807> Acesso em: 02 de outubro de 2019.
  • WIR SIND SÜDEN – BADEN WÜRTTEMBERG. Bächerhaus Altstadtstr 36. Disponível em: https://www.tourismus-bw.de/Media/Attraktionen/Baeckerhaus-Altstadtstr.-36 Acesso em: 30 de outubro de 2019- 22:51h.
  • WITTMANN, Angelina. Casa Husadel – mais de 120 anos. 7 de março de 2015. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2015/03/casa-husadel-120-anos.html
  • WITTMANN, Angelina. De onde viemos – Arquitetura – Do Neolítico ao Românico.  Publicado em: 22 de abril de 2015. Disponível em: <https://angelinawittmann.blogspot.com/2015/ 04/arquitetura-do-neolitico-ao-romanico.html> Acesso em: 6 de setembro de 2019 – 18:22h.
  • WITTMANN, Angelina. C.R.: Fachwerk – A técnica Construtiva Enxaimel. – 1.ed. – Blumenau, SC : AmoLer, 2019. – 405 p. : il.
  • WITTMANN, Angelina. Würzburg – Roteiro Alemanha 2016.  Publicado em: 20 de janeiro de 2017. Disponível em: <https://angelinawittmann.blogspot.com/2017/01/wurzburg-roteiro-alemanha-2016.html> Acesso em: 11 de julho de 2019 – 8:05h.


Leitura Complementar - Clicar sobre os títulos:
  1. Emil Odebrecht e os Caminhos ligando Blumenau ao litoral
  2. Jacobshagen/Dobrzany - A cidade Natal de Emil Odebrecht
  3. Casa Husadel - 120 anos
  4. Harpia - Monumento de uma rótula - Bairro de Itoupava Norte - Blumenau - SC - Brasil
Contribuições externas de grande importância histórica.
Nelcio Lindner
Foi hotel no final da década 1920 e início 1930. Meu pai se hospedou lá.
Contribuição do filho da ex proprietária Apolônia Gastaldi -  Homero Buzzi
"No local desta casa, antes 1867, o Engº Emil Odebrecht construiu um rancho - a rancharia do Odebrecht para ser ponto de apoio às expedições que empreendeu para abrir o "picadão" até a Serra (Curitibanos), e antes de minha mãe - professora Apolônia Gastaldi adquiri-la e recuperá-la, pertenceu, como está postado, além de Zimber, ao filho de Emil, Woldemar Odebrecht - que nela morou e foi chefe de telégrafo, chefe da Estação EFSC MORRO PELADO e manteve-se com venda de Secos & Molhados atendendo tropeiros que subiam e desciam. Cheguei a morar ali uns meses na década de 1970, outros meses na de 1980 e uns anos na década de 1990, mas até ser vendida em 2000 aos Taffner - com quem trabalhei na sede da Asselvi em Indaial, fazendo assessoria de Imprensa e lecionando, sempre frequentei a casa e os compradores até '"herdaram" o caseiro que ainda lá reside - que apelidamos de 'Tiro ao Álvaro'. No porão os Taffner instalaram uma adega que não deixa nada a dever às melhores que há. Woldemar, além de tentar plantar uvas pra extrair vinho, tentou criar peixes em uma lagoa que foi recuperada também às expensas de Dona Apolônia. A cor é original. Azul nas molduras e aberturas, mas este branco caiado das paredes era originalmente amarelo, pois a antiga tinta levava na receita, óleo de baleia, que é selante, o que fornecia um tom amarelado. (...). O local chama-se Morro Pelado - que é um monte empedrado que há por detrás da propriedade e onde o famigerado bugreiro Martinho Marcelino de Jesus, mantinha vigia. No Km 111 da BR 470. Distrito de Subida, Município de Apiúna. Ao lado, residiu por algum tempo, o mateiro de Emil, depois balseiro em Rio do Sul (Südarm), Basília Correia de Negredo - natural de aldeia quilombola em Rio Morto, Indaial, e depois, residiu meu bisavô materno João Bento Souza da Silveira Péres - pai da mãe de minha mãe, que era original de Armação do Itapocorói, na Penha - onde caçavam baleias." 18 de dezembro de 2020. 

(...) 

"Há o Ribeirão Carvalho. Marcílio d'Andrade foi conhecido de meus familiares maternos. Muitos que por ali viviam, quando da implantação da EFSC, acorreram para obter empregos na construção da ferrovia. Pra baixo, no Morro do Cruzeiro, há uma cruz de trilhos, em homenagem a dois trabalhadores mortos em explosão de dinamite pra abertura do túnel que há sobre tal morro. Ali já é São Pedro. (...) O Morro do Cruzeiro passou a ser chamado pelos desconhecedores visitantes do Morro do Cruzeiro de Morro Pelado, quando em verdade, o Morro Pelado está atrás da Casa Azul, na saída do Ribeirão Carvalho." 18 de dezembro de 2020
Contribuição do filho da ex proprietária Apolônia Gastaldi -  Homero Buzzi
21 de dezembro de 2020
"Gostei de ver fotos casa azul km 111 BR 470 as mandei-as pra minha mãe Apolônia Gastaldi. Estas aberturas - portas e janelas que aparecem fui eu quem as lixei, pintei e selei em 1978- assim que compramos a casa. Decerto foram retocadas depois disto a mando do Taffner. E aqueles quadros de índios bem pequenos já desbotados eram de minha mãe, assim como alguns objetos que conforme o contrato de “compra e venda” de 2002, foram deixados na casa. Eram, ao todo, 102 objetos - dos quais, uma coleção de ferros de passar, que o Taffner "relocou" - não sei onde os levou, e uma coleção de pipas antigas, moringas feitas de madeira como toneis, barricas, mas numa das extremidades ao invés de ser chata como a barrica é dos dois lados encima e embaixo, estas tais “moringas ripadas” tinham de um lado afinava e resultava num bocal, para se beber. Eram três, diferentes, e 'sumiram' também. E ainda, cinco vidros grandes - barris para apurar e decantar vinho usado por colonos italianos - um redondão, grande, de um metro, transparente (vidro branco). Outro “decanteur” arredondado de vinho, com 80 cm de altura vidro verde, outro igual, com 80cm de altura arredondado, e um outro, com 70 cm altura esverdeado, um outro, com 50cm de altura diferente, com perfil cilíndrico e vidro mais espesso, mais grosso. Sumiram ... fora os pratos, cheleiras e canecas de ágata esmaltados... Que, igualmente, o Taffner deu sumiço e poderiam perfeitamente, estar aí na Casa Azul... 
Entre outros objetos, dos quais não me lembro agora... Como um móvel que usei de criado mudo, mas que ninguém sabia, ou soube, dizer pra que servia e eu nunca vi nada igual, de madeira, parecia um pequeno “coxo”, mas, ao fundo, ao invés de ser fechado, era com bilros machos e fêmea, que uns diziam ser um tipo de massageador de costas pra usar dentro de banheiras, outros disseram ser usado pra esmagar uvas. Só vendo a peça. Não dá de descrever, assim facilmente, descrevendo aqui...
Ah! E logo percebemos, assim que vendemos, que o canil - que mantive de 1978 até 2000 - o registrado canil da subida- criador de boxers, dobermanns e rothweillers, tornou-se uma capelinha, um oratório.... Uma pena. E o aquário a céu aberto no jardim, que aparece numa das fotos, está coberto com teto de latão. Ficou melhor. Ali fora enterrada a colona flechada num ataque dos botocudos xoclengues à colônia matador em 1885. Foi  enterrada ali, e depois, em 1900, foi trasladado corpo pra o cemitério da velha. Uma das travessas do telhado, no sótão, estava marcada como o lugar em que o filho do genro de Emil Odebrecht, cunhado de Woldemar, aos 18 anos, enforcou-se. Pois era o filho único e o pai não queria que fosse servir ao exército, no Rio de Janeiro, pois o filho único tinha que morar ali e era o herdeiro da casa... O rapaz se matou. 
Casa Azul - no salão, as luminárias originais são as de vidro abobodadas com metal prendendo-as... as luminárias imitando flores - acho flor de lis - lírios, e as mais próximas na foto, com vidros de lampiões, mamãe as instalou e um destes candelabros parecidos - aquele que aparece na última na foto do salão, o Taffner instalou. Ainda sobre originalidade... A porta do porão com aquela “viseira” alambrada aquela parte vazadas com tela, é original do tempo da casa original, do primeiro morador e foi mantida pelo genro de Emil, depois, pelo Woldemar, e depois, pelo Werner. Também pela mia mamma. Agora, pelos Taffner.
Porão.

A “varanda italiana” - quando minha mãe adquiriu a propriedade em 1978, a casa estava em ruínas, desabada, só havia os pilares de sustentação, mais nada. Como minha avó conhecia a casa desde muito tempo, desde 1934 - pois visitava o local e os Odebrecht eram das relações da família da mãe de minha mãe, o avarandado foi reconstruído como o original. A casa toda estava em ruínas, abandonada há anos... Mamãe a recuperou e os Taffner a mantem.  Pena que aqueles pássaros de gesso soprados sejam tão bregas. Enfeiam a casa. Mamãe manteve araras, como as de gesso, em um viveiro... E as doamos para um criador de Rio do Sul - o Nicolau. E a águia é a águia americana, que nem existe pra estas bandas – antes, a harpia é que existia por aqui.”
Varanda que substituiu um alpendre original, perceptível na foto histórica - capa.


Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)

 

















6 comentários:

  1. Li o livro que conta a história dessa casa! Acho que meu avô materno, Marcilio José Laurentino de Andrade, trabalhou nessa casa na sécada de 30, que era um importante entre-posto comercial. Muito boa essa matéria!

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  2. Foi rancharia de parada de expedições de Emil Odebrecht, parada de tropeiros, posto telegráfico, Estação Morro Pelado da EFSC, comercio de secos e molhados Woldemar Odebrecht, adquirida 1978 p/ ApolÔnia Gastaldi Buzzi e restaurada, pois estava em ruínas. Cor original era reboco com olho de baeia que resulta amarelado. O branco atual é da cal. O estilo é colonial português tardio com varanda italiana, térreo, sótão e porão, flexeiras redondas, todo madeirame de 440m³ de canela preta, no porão, faquejada em vigas de 60cmX40cm. Há lagoa para criação de peixes e recreação. Dentro da propriedade estende-se o Córrego Cardozinho.

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    1. Muito obrigada por sua contribuição, logo mais colocarei no corpo da postagem, como sua contribuição. Abraço grande.

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    2. O estilo não é o colonial português....e sim semelhante a muitas edificações regionais feitas pelos pioneiros do início do século XX, muitas vezes de estrutura enxaimel mesmo. Gratidão por compartilhar.

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  3. Tem como fazer visita nessa casa?

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