quarta-feira, 12 de março de 2014

Rua das Palmeiras (Boulevard Wendeburg) e o Museu da Família Colonial

Duas, das três edificações que fazem parte do complexo do Museu da Família Colonial, são da metade do século XIX, construída a partir da técnica enxaimel - 2009 - concentração para o desfile do Oktoberfest Blumenau.
Rose  e Victor Gaertner,
pais da Edith Gaertner.  

1865 - Dia do casamento
Foto Clic RBS
O Museu da Família Colonial está localizado em três edificações, sendo que duas delas, construídas com a técnica enxaimel aparente. Uma das edificações, data de 1864 e foi residência do comerciante e Cônsul da Alemanha em Blumenau - Victor Gaertner.  Outra, das três edificações, data de 1920 e foi residência de Reinholdo Gaertner. Gaertner foi sobrinho de Hermann Bruno Otto Blumenau. A terceira casa, data do ano de 1858 e foi a residência de Hermann Wendeburg. É considerada a edificação mais antiga da Colônia Blumenau - ou do Vale do Itajaí. Wendeburg trabalhava, diretamente, com Hermann Blumenau.
Fotografia da Família Odebrecht - encontrada em residência de familiares na Alemanha - O nome da foto é Blumenauer Marktplatz. É possível observar a espacialização de inúmeros exemplares de edificações enxaimel, parte das edificações que compõem, atualmente, o Museu da Família Colonial, a residência do fundador - Hermann Blumenau, o perfilado das palmeiras que caracterizam a principal rua do Stadtplatz de Blumenau e a Casa de Câmara e Cadeia de Blumenau que estava localizada de frente para o porto fluvial.














Também, é original, o sítio, onde estão localizadas as edificações históricas. São edificações originais dos primeiros anos da existência do Stadtplatz da Colônia Blumenau.  Estão localizadas próximas ao terreno, no qual estava a residência do fundador - Hermann Bruno Otto Blumenau. Estes foram os primeiros lotes coloniais distribuídos aos imigrantes, no tempo de Blumenau Colônia. 
Rua das Palmeira -  década de 60 do século XIX
O  local já foi objeto de estudos e planejamento que propiciaram a organização espacial a partir de intervenções, criando locais de convívio, caminhos e a valorização dos patrimônios existentes no mesmo. O entorno imediato contem a Rua das Palmeiras, elemento estruturador do Stadtplatz  da Colônia Blumenau. 
Abaixo, uma fotografia do final da década de 50 do século passado, antes do incêndio na sede da Prefeitura de Blumenau que aconteceu no dia 8 de novembro de 1958. A imagem ilustra a organização e a foto do lado, mostra o surgimento deste embrião urbano, praticamente 100 anos antes, da primeira imagem citada. O embrião urbano, não somente da cidade de Blumenau atual, mas das cidades do Vale do Itajaí.
O sítio, onde está localizado o Museu da Família Colonial - Fotografia da década de 50 do século XX. Detalhe para o projeto que envolve principalmente a praça do Porto - atualmente conhecida Praça Hercílio Luz.











O museu foi criado em 1967 e, apesar de todas as enchentes ocorridas dentro deste recorte de tempo - até hoje, possui um considerável acervo, composto por objetos históricos pertencentes a algumas famílias de Blumenau, entre elas, a família Schwartzer, Rohkohl e Dietrich, que residiram no local.
Residência do Vitor Gaertner
Edith Gaertner
A ideia de criar o museu teve início durante as comemorações do Centenário da cidade, no ano de 1950. Edith Gaertner, filha do casal Rose e Victor Gaertner, ela, fundadora do teatro  em Blumenau, doou um terreno de 1.775 m2 à cidade de Blumenau, com direito a usufruto. Neste terreno estava construída a edificação de 1864. 
Cemitério dos gatos
Após a partida da Gaertner, em 1967, o imóvel foi   incorporado à Fundação Casa Dr. Blumenau, adequando-o ao uso de museu, sem descaracterizar "a residência" - Como museu, mostra um espaço que apresenta a maneira de viver dos primeiros imigrantes alemães no Statdplatz de Blumenau. O museu recebeu o nome de  Museu da Família Colonial, que vai muito além dos limites das edificações. Também faz parte do complexo do museu: o Horto Botânico Edith Gaertner, a Biblioteca Pública Municipal Dr. Fritz Müller, o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, e a segunda casa, construída nos anos 20 do século XX, a qual foi residência do sobrinho do fundador e, finalmente, a terceira e mais antiga edificação, não somente de Blumenau, mas do Vale do Itajaí, construída somente 8 anos depois da chegada da primeira leva de imigrantes alemães na região, foi encampada ao complexo do museu, em 1997. A casa, como mencionado, pertenceu a Hermann Wendeburg, secretário de Blumenau. após a sua partida, foi adquirida por Paulo Schwartzer, a qual foi herdada por sua filha Edith Schwartzer, que era casada com o Otto Rohkohl. Sua filha, Renata Luisa Rohkohl Dietrich, fez uma doação do patrimônio à cidade de Blumenau, em 1964, com direito a usufruto.  Dietrich, partiu em 1997, quando o patrimônio foi encorporado ao complexo do museu, ou ao Patrimônio da Fundação Cultural de Blumenau. Foi restaurada com apoio do Ministério da Cultura - Secretaria de Patrimônio, Museus e Artes Plásticas, Prefeitura Municipal  e Fundação Cultural e entregue à comunidade, no dia 28 de julho de 2003.
Acervo do Museu da Família Colonial
Acervo do Museu da Família Colonial
















O organização espacial do museu permite, com uma certa facilidade, que os visitantes conheçam a maneira como as pessoas viviam nos primeiros anos de existência da colônia Blumenau, através do uso do espaço interno e a organização de seus ambientes e mobiliários que, somados as explanações, propiciam uma viagem, através do tempo, na história. Os visitantes são recepcionados por monitores, geralmente ligados à área da história, os quais fazem a apresentação dos espaços com esclarecimentos e apontamentos históricos. O atendimento pode ser feito em outro idioma, além do português. 

A imagens Comunicam - uma visita ao Museu/tipologia de um lar da virada do Século XIX para o  Século XX...
Acesso ao Museu da família Colonial através da Rua XV de Novembro
Museu da família Colonial e  entorno imediato - em 2006


Entorno - Rua das Palmeiras - Principal avenida do Stadtplatz de Blumenau Embrião urbano do Vale do Itajaí - local escolhido pelo fundador para assentar o centro da Colônia Blumenau.
Chegada do  alpendre da 3° e mais antiga edificação - Alinhada
paralelamente à rua e não possui afastamento.
Primeira edificação - Data de 1864 e foi residência de Otto Rohkohl
Primeira edificação - Data de 1864 e foi residência de Otto Rohkohl



Segunda edificação - construída em 1920
Residência de Reinholdo Gaertner  - sobrinho do fundador
Explicação , sobre os espaços que compõem o museu e fornecido aos visitantes - Varanda da Segunda edificação.


Passagem de informações históricas ao visitante - Perguntas.







Caminhos que levam ao cemitério de gatos - quintal da antiga residência de Edith Gaertner







 
 Rua das Palmeiras - inconstância dentro de uma paisagem quase descaracterizada.
Museu da família Colonial e  entorno imediato - 2012
Foto de Jaime Batista
Preparando pista de rolagem da Rua das Palmeiras  para o tráfego
de ônibus das linhas norte/sul e sul/norte da cidade de Blumenau - 2013
Foto: Jaime Batista



Rua das Palmeira - Complexo do Museu da Família Colonial aos Fundos - 2014
Foto: Jaime Batista
















Os pontos que possuem laços entre si dentro da paisagem histórica do local e podem ser observados a partir de uma atual e salutar intervenção espacial.

É importante salvaguardar os pontos focais históricos da cidade como meio de referenciar os espaços coletivos através de seus principais ícones na paisagem. Do contrário, a cidade perde a alma e passa a ser um spectro de um espaço qualquer como tantos que já existem por aí, desprovido de identidade e poesia.
É preciso ter lastro cultural para continuar mantendo este museu, de acordo com a vontade de seus idealizadores, dentro do entorno original, no qual nasceram e fizeram história

Vale lembrar que a preocupação com este local histórico da cidade é antigo. Passando gerações. Observe esta pequena nota de uma edição da Revista de Blumenau em Cadernos de 1958.

Como será a imagem deste local, na década de 50 ou  60 do século XXI?

Leituras Complementares:
Clicar sobre títulos
  1. 1992 - Centro Histórico de Blumenau - Intervenção na Rua das Palmeiras - Pesquisa Arquitetura e Urbanismo FURB
  2. Kulturverein - Die Colonie Blumenau 
  3. Construção sobre Antigo Porto Fluvial em Blumenau ...
  4. Os Primeiros Caminhos no Vale do Itajaí e do interior
  5. A Prainha...Praça Juscelino Kubitschek de Oliveir...
  6. Primeiro Núcleo Urbano de Blumenau - Stadtplatz
  7. As embarcações no Rio Itajaí Açú - Blumenau
  8. Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
  9. Um dos grandes nomes da História de Blumenau Hermann Wuntenberg










11 comentários:

  1. Que encanto eu amo museus.
    http://sonhodocampo.blogspot.com.br/
    Abraços.

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  2. Grata pelo endereço, Rejane. Vou visitar com calma. Abraços.

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  3. Senhora Angelina
    Parabéns por mais essa belíssima pesquisa. Dados importantes e esclarecedores.
    Pena que toda essa nossa área do centro histórico esteja tão descaracterizada com a complacência de historiadores e diretores o que é mais lamentável. Pouco ou nada fizeram para que tal fato não acontecesse e o pior apoia o moderno derrubando tudo nesta área, assim foi dito pela diretora do arquivo histórico para mim no Colégio Sagrada família em uma apresentação do livro da senhora Sada, o que me deixou horrorizado. Mas não é só a diretora, professores da FURB com a mesma opinião.
    Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.

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    1. Sr. Adalberto, este espaço não pertence a uma pessoa ou a um grupo de pessoas, somente. Este espaço pertence ao Vale do Itajaí, direito adquirido, pela força de sua história. este fato deveria legitimar ações para sua valorização e resgate, não somente para e em Blumenau, mas, repetindo, para o Vale do Itajaí - sítio da antiga Colônia Blumenau. Não será a opinião de uma pessoa isolado, independentemente do cargo ou formação, para mudar este quesito, na linha do tempo. Todos nós passamos, pelo espaço, inclusive seus algoses. Este, permanece, com os reflexos de nossas intervenções e manutenção sobre ele, positivos ou negativos. Sempre é bom ler suas palavras. Abraços....

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  4. A senhora tem razão em sua resposta.
    Deveria ser assim, mas sabemos que não é. As discussões em conjunto quem saiba tenha mais sucesso pois quem tinha forças jogava contra e quem manda ou mandava na cidade todo mundo sabe quem são. Já não participo mais devido essas imposições e também devido a saúde. Enquanto não mudar alguns aspectos e pessoas, prefiro ficar no meu canto que produzo muito mais.
    Mas sei que agora tem um grupo bem intencionado nas discussões sobre nosso Centro Histórico apesar de alguns que ali estão não me representam bem.
    Espero que não deixem descaracterizar mais ainda o local, a começar pelo espaço onde foi outrora o estádio Aderbal Ramos da Silva, como também do novo Arquivo Histórico que seja moderno sem deixar características germânicas.
    Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.

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  5. Obrigada Angelina! Seu artigo contribuiu para o meu TCC :) Estou fazendo uma pesquisa para a inserção de um mercado gastronômico na rua das Palmeiras (no terreno do antigo BEC) e toda uma revitalização do centro histórico. Abraços.
    Carolina Schadrack

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    1. Fico muito feliz, Carolina. O objetivo do existir deste Blog é reacender toda a história dos pioneiros e de Blumenau e com isto, resgatar, não somente a identidade da cidade de Blumenau - da Colônia Blumenau, mas, a partir do conhecimento, fazer com que as pessoas gostem de Blumenau. E quem gosta, cuida. A cidade é nossa casa maior. Sucesso em seu trabalho. Abraço grande.

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  6. Olá Angelina!
    Muito obrigada por compartilhar informações tão ricas e bem escritas. Irá auxiliar e muito em minha pesquisa no Curso Técnico em Guia de Turismo. Seu trabalho é belíssimo e digno de ser reconhecido!
    Abraço.
    Sibele Lima

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    1. Esse retorno nos é de um valor imensurável.
      Que bom que lhe foi útil, informações de Blumenau e região.
      Abraço grande.

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  7. Muito obrigada pelo conteúdo compartilhado! Está sendo utilizado para o meu TCC de arquitetura no centro histórico.
    Abraço,
    Júlia Lavina

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    1. Grata pelo retorno, Júlia. fico muito feliz r que seu trabalho seja útil e contribua para atrair mais atenção das pessoas para este lugar histórica da região do Vale do Itajaí toda. Abraços e sucesso!

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