quinta-feira, 31 de outubro de 2013

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Itapiranga pela ótica de Simone Eidt - Artigo

Amigos de Itapiranga, por sintonia à cultura tem acompanhado nosso trabalho de pesquisa relacionado à cultura, do oeste catarinense - da linda cidade de Itapiranga. 
Itapiranga

Itapiranga foi fundada por migrantes gaúchos com descendência alemã italiana, no início do século XX, os quais deixaram suas "marcas" na cidade", através de sua maneira de morar e de suas atividades. Lá, como aqui, muitos tem  preocupações e cuidados com a manutenção e a preservação desta história e cultura, através de algumas iniciativas e ações. Muitas vezes com bons resultados, noutras, nem tanto, mas o suficiente para fazer com que estas pessoas não desistam, do prazer de poder observar, preservar e contribuir com este trabalho.

Para saber mais clicar sobre: Técnica do Enxaimel

Recebemos, através de uma correspondência eletrônica, um belíssimo artigo sobre um pouco deste trabalho, relacionado ao patrimônio histórico arquitetônico de Itapiranga da Srta.  Simone Eidt, estudante de Arquitetura, estagiária de Turismo na Prefeitura Municipal de Itapiranga e uma entusiasta do assunto.
O artigo permite-nos conhecer um pouco mais sobre esta arquitetura presente em algumas cidades no oeste de Santa Catarina. Características muito próprias de um períodos e de uma cultura presente, ainda, no casario e em utensílios utilizados por antepassado, muitas vezes, parte de uma história muito recente e que, para muitos, passa desapercebido. 

É preciso que as pessoas se conscientizem, lá, como aqui, sobre a importância de preservar e cuidar deste patrimônio, que muitas vezes, erroneamente achamos ser desprovido de valor.
Sempre é bom lembrar, que para chegarmos a uma história milenar, é necessário passarmos e preservarmos a história centenária.
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Artigo -  Itapiranga
                         -----                                                           Por Simone Eidt

O município Itapiranga aparece na III década do século XX no cenário nacional como recorte geográfico e espaço de acolhimento de Alemã descendentes da II e III gerações de imigrantes que povoaram a encosta inferior do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no século XIX, e foram recrutados pela Colonizadora Volksverein e pela Igreja Católica para reinventar suas tradições negligenciadas ou eclipsadas nos locais de origem. Assim, de forte influência européia e da Igreja, o município apresenta elementos culturais riquíssimos como: prédios históricos, culinária, bandas, corais, grupos folclóricos e outros. O caráter universal que começou a imperar nas relações sociais, econômicas e culturais nas últimas décadas tem sido implacável com os suportes matérias e culturais da região.

Mapa das colônias alemãs no sul do Brasil,
 utilizado para propaganda pelas empresas colonizadoras.

Toda a organização dos pioneiros de origem européia gravitava em torno da família e da vivência comunitária. No universo pioneiro, algumas características serviam de andaime e alicerce. Ideais se cruzavam no espaço da família, na escola e na vida social. Regras sociais e costumes foram paulatinamente incorporados a partir de mecanismos de coerção social. Sem parâmetros exógenos, as instâncias da família, escola, comunidade e religião transmitiram os valores e os ideais da cultura. 

Presos ao mundo natural e linear, avesso ao moderno, seus personagens encontraram um campo privilegiado para práticas coletivas, solidárias e coesas. Numa região, pensada e criada a partir do epicentro religioso, a compartimentação horizontal refazia-se, continuamente, por meio de um permanente debate interno. Princípios uniformes e intocáveis coordenavam as ações individuais e coletivas. A intolerância era total para tudo o que pudesse despertar a desconfiança e a indisposição da comunidade. No coletivo, a população buscava o sentido para a vida local. Um cotidiano compartido e complementar, embora conflitivo e hierárquico constituiu a garantia de sobrevivência. Mutirões comunitários para edificar obras públicas e ajudar famílias desestabilizadas envolviam a todos, trata-se acima de tudo de um ato de solidariedade.

 Morin (2003, p.124) enfatiza de que: “A fraternidade solda a comunidade”. 

O isolamento da região provocou condicionamentos adaptativos. Uma multiplicidade de técnicas locais, geradas espontaneamente, movia os pioneiros. Todas as famílias eram potencialmente produtoras de alimentos, objetos de trabalho, roupas, calçados, móveis e outros. A necessidade fez aflorar a criatividade das pessoas. Inventaram-se moinhos, prensas, rodas d´água, instrumentos de trabalho, cachaça, vinho, cerveja. Em cada família se gestava um cientista natural, um mecânico, um construtor, um sapateiro, uma costureira, um farmacêutico, uma parteira...
 Antiga ducha de banho

 Prensa de Banha

No isolamento da vida pioneira, a transmissão de saberes passava pela linhagem familiar ou pela instituição escola/Igreja. Sem parâmetros exógenos, as instâncias da família, escola e religião transmitiram os valores e os ideais da cultura. Assim, o mundo, limitado e restrito, limitou possibilidades e serviram como ponto de estrangulamento, gerações inteiras foram vítimas do silêncio e do debate impermeável.  
  Primeira Igreja de Itapiranga, que também servia como escola

Como descrito anteriormente, a região de Itapiranga foi colonizada a partir de 1926. O perfil das primeiras famílias era diverso. Muitos dos pioneiros foram imigrantes alemães e que conheciam outras miragens. Eram médicos, agrônomos, professores, políticos, engenheiros no seu país de origem. Profissionais liberais que no período entre guerras na Europa, migraram para o sul do Brasil e especificamente no projeto Porto Novo, apontado na época pelos Padres Jesuítas como mundo ideal. 

Os pioneiros de Itapiranga, muito embora tenham sido plantados no meio do mato, onde a carência dos meios de comunicação amputou a história da linhagem e desmentiu a cidadania pré migratória, estes não se livraram dos laços simbólicos que os amarraram ao passado europeu, como podemos perceber na arquitetura inicial da colonização.

Fachada lateral da Residência Neff, 
localizada em Sede Capela, construída em 1932.


O modelo arquitetônico da região foi pensado e aplicado pelos jesuítas que sobre a população tinham jurisdição. Desta forma a construção de igrejas e casas, invariavelmente passava pelos estilos europeus da época.
 Comercial Schoeller, localizada em Sede Capela, construído em 1928. Arquitetura barroca, com simetria de fachada e uso de telhado chalé.
 Residência Delavy, localizada em Sede Capela 
Arquitetura barroca e uso de telhado chalé.
 A Região de Itapiranga (Porto Novo) se constituía numa ilha de ocupação nos primeiros anos de povoamento. O acesso unicamente pela pelas águas do Rio Uruguai, dificultava o transporte de mercadorias que pudessem servir para edificar construções. Ao colonizar esses espaços de mata virgem, os indivíduos procuram primeiramente, antes mesmo de um estilo arquitetônico, por um abrigo às suas famílias. Assim, os exemplares mais antigos encontrados não carregam grandes riquezas em elementos de ornato, mas sim, um estilo simples, próprio e de proteção.
 Balsa no Rio Uruguai

Edifício do SICOOB em Itapiranga, e ao fundo a balsa sobre o rio Uruguai.

As construções com telhado chalé normalmente são associadas ao desconhecimento da população, de descendência européia, ao clima regional. Embora seja um elemento importante a ser considerado (prevenção contra a neve), a explicação deve ser associada a outros elementos, dentre os quais o estilo ser o predominante na Europa na virada do século XIX e XX.

Residência Wohlfart, localizada em Linha Presidente Becker, construída em 1935.

O sincretismo arquitetônico regional também aconteceu na época. Adequando-se os estabelecimentos ao clima local, foi introduzido a essa arquitetura as grandes varandas. Como nos países europeus o frio preponderava, as varandas não tinham função para as construções, ao contrário do que encontraram nas novas regiões colonizadas, onde as mesmas os abrigavam a sombra e mantinham os ambientes internos refrescados.

Residência Schoenhals, localizada em Sede Capela, construída em 1928. 
Construída na técnica enxaimel, foi introduzida a varanda na sua arquitetura.

O hospital, atualmente desativado, foi construído na comunidade de Sede Capela que serviu como porta de entrada para os migrantes e se constitui em Vila, mesmo antes da atual cidade de Itapiranga. O local para servir como Sede do município foi alvo de muitas controvérsias e intrigas entre os Padres Jesuítas e as lideranças da Colonizadora (Volksverein). Sede Capela perdeu esta disputa, apesar de ter recebido o primeiro hospital da região.

Primeiro Hospital em Sede Capela.

“A história de uma cidade pode ser contada pelas informações que seus patrimônios arquitetônicos conservados fornecem. O patrimônio que identifica a história de uma cidade vai se perdendo em meio a essa nova arquitetura, o nosso dia-a-dia está cada vez mais padronizado, fazendo com que o patrimônio existente nas nossas cidades, que identificam a nossa história, passe cada vez mais despercebido.”

Seria muito importante elaborar projetos educativos em relação à preservação do patrimônio histórico e desenvolvimento do sentimento de herança. “Uma educação que leve para a preservação da memória e dos seus suportes materiais, deve ser objetivo nos ambientes de aprendizagem, atingindo assim as gerações mais novas para que aprendam a valorizar o espaço em que estão inseridas”. 

Alguns trabalhos de pesquisa já foram realizados na área de patrimônio, na qual o propósito foi resgatar e disponibilizar para a Sociedade Regional, a leitura do potencial arquitetônico Histórico do município de Itapiranga.

Existem duas citações do IPHAN, que gosto muito de colocar, na qual uma fala sobre o que é o patrimônio e outra sobre o porquê valorizar:

[...] o patrimônio é um dispositivo narrativo, serve para contar histórias, fazer a mediação entre diferentes tempos, pessoas e grupos. É nesse sentido que se pode dizer que eles são pontes, janelas ou portas poéticas que servem para comunicar e, portanto, para nos humanizar. 

Ensinar o respeito ao passado, mais do que a sua simples valorização, é contribuir para a formação de uma sociedade mais sensível e apta a construir um futuro menos predatório e descartável, menos submetido à lógica econômica [...].

“O envolvimento da sociedade junto a órgãos públicos é necessário para que o trabalho de preservação da memória e patrimônio material seja bem sucedido”. É importante também realizar um plano que dê continuidade levando o conhecimento a todos e ensinando o respeito, assim como o sentimento de herança, em relação à história identificadora de uma comunidade. É muito importante para a sociedade que se conheça e preserve a história, como que aconteceu e como que surgiu tudo o que nos cerca, mantendo a memória viva e assegurando uma coletividade na preservação e divulgação para as novas gerações.

Um desejo particular é que ainda sejam criadas leis municipais de proteção ao patrimônio histórico, pois vejo muitas casas, principalmente as construídas em madeira, que são as principais identificadoras da história de colonização do município, ser desmanchadas.

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Sugerimos a leitura - clicar sobre - Por que o dia 25 de Julho é uma data importante

Agradecemos a sua contribuição Simone, grande contribuição, e a disponibilidade de importante leitura através de sua pesquisa sobre a cidade de Itapiranga, cidade natal de muitos de amigos que residem em Blumenau.

Abraços de Blumenau a todos os amigos de Itapiranga.


Musik in der Nacht

Guten Abend Freunde!
Um pouco de música na noite...para começar bem a quinta feira.










Bis Morgen!



Loreley - Vale do Reno - Rheintal

Em maio último, passamos pelo Vale do Reno, na companhia dos coros do C.C. 25 de Julho de Blumenau e vimos a Loreley sobre os rochedos de St. Goarshausen, a uma altura de 132m acima do nível do rio em, algo que se poderia chamar de ilha, no lindo rio alemão - Rio Reno. Rio, cujas margens contam com a presença de inúmeros castelos, os quais fornecem um ar de mistério à  romântica paisagem. 

Alguns registros nossos.






 









 As margens do Reno são munidas de rodovia, ciclovia e ferrovia, sem contar, com o grande movimento de embarcações no próprio rio. Ficamos encantados com a intermodalidade presente ao longo de quilômetros de extensão do grande e importante rio alemão. Outro dia falaremos mais sobre ele e sua importância para os alemães e para o mundo.
 Rheintal
Neste momento, vamos conversar um pouco sobre esta lenda do Reno: a Loreley, mito existente deste o século XIX, época que famílias saiam da Alemanha para morar e construir os núcleos urbanos, embriões das atuais cidades no Vale do Itajaí, a partir da Colônia Blumenau.
Fundação Cultural de Rio do Sul





















Prosseguindo...

A lenda conta que Loreley é uma linda moça que encanta as tripulações das embarcações que navegam pelo Reno e àqueles que passam ao lado de sua ilha. Ela está sentada sobre as rochas e penteia seus longos cabelos. A tripulação das embarcações encantada com a beleza se distrai e a embarcação cai no turbilhão das águas do rio, naufragando a embarcação.

Poeta Clemens Bretano
Contam que a origem da Loreley foi inspirada a partir de uma viagem do poeta romântico Clemens Brentano (1778/1842). Contam que Brentano  inspirou se para escrever o poema, durante uma viagem pelo Reno para escrever Zu Bacharach na Rheine, em 1801. Na sua obra, cita a presença de uma linda feiticeira, que encanta e rouba a razão dos homens até a sua morte.

Surgiram muitas estórias relacionadas a esta lenda. Entre elas, contam que uma mulher muito bonita foi abandonada por um navegante. Ficou tão infeliz que, na época, foi até o Bispo pedir para morrer. A lenda conta que o Bispo se apaixonara por ela e a encaminhou a um convento. No caminho de seu translado, passando pelo rochedo de St. Goarshausen, a moça olhando para o fundo do rio, caiu na água por acreditar estar vendo o navegante que amava e a abandonara.
Rochedo de St. Goarshausen


Heinrich Heine
Em 1823, Heinrich Heine (1797/1856) – poeta do período romântico, ficaria internacionalmente famoso por escrever uma poesia inspirada nesta História – Die Loreley. Em 1837, o texto foi musicado, por uma música feita por Friedrich Silcher (1789/1860). Tornou-se uma das canções mais populares alemãs, conhecida no mundo.

O estreitamento do Reno, geograficamente falando, exige atenção de quem manobra as embarcações. Neste ponto, próximo ao rochedo, o rio tem apenas 113 metros de largura e em alguns locais, com apenas 25 metros de profundidade.

Em tempos passados, o perigo era ainda maior, em função das pontas do rochedo que foram dinamitadas em 1930. Podem ainda ser vistas, quando o rio está com o nível baixo, e pontas conhecidas com as 7 virgens.
No Século XIX, a partir do hábito de resgatar a História e pontos pitorescos que tinham história estampada em sua paisagem foram muito valorizados e visitados. Neste local em espacial descoberto a vocação turística pelos ingleses. No local, por conta da antiga canção e poesia, logo foram construída infraestrutura para receber visitantes e lojas de suvenires, com a estampa da Loreley em canetas, dedais e canecos de cervejas. Sua imagem também é comercializada como uma sereia em bronze, ou ainda como boneca Barbie.

 Faz poucos anos a região foi revitalizada com um novo centro para visitantes sobre a rocha. O Centro abriga uma Exposição de gravuras, fotografias e objetos relacionados do transporte fluvial, flora e fauna do Reno.

Em 2002, a região entre Koblenz e Rüdesheim – foi transformado em Patrimônio da Humanidade – criou-se mais atrativos para que os visitantes de Loreley visitem também outros locais na região e do Vale do Reno, que mantém, como vimos em maio, paisagens originais centenárias - naturais e construídas. Há muitos cuidados, a partir dos órgão governamentais, e mesmo entre a população que tem consciência do valor histórico do local, com a sua preservação. Um exemplo: A História da Loreley é anunciada no local do rochedo, somente através de escultura em alto relevo no rochedo, e mais nada. Uso de Out Door, o qual é usado quase de maneira indiscriminada aqui no Brasil, jamais seria sequer cogitado no local, por respeito ao mesmo e por saberem que interfere no meio e sua natureza.

Muitos turistas, de vários lugares do mundo, visitam o Rochedo de Loreley anualmente. Isto não significa aumentar a estrutura - para não descaracterizar o ambiente. Aqui no Brasil, grupos interessados em retorno financeiro imediato, já teriam apresentado o discurso de “gerar tantos empregos...” para justificar a interferência muitas vezes pequena, mesquinha e danosa.

O Rochedo de St. Goarshausen possui somente um hotel com restaurante. Nos anos de 1930 foi construído um anfiteatro ao ar livre e nele já aconteceu tradicionais concerto de Rock nos anos de 1970 e 1980.

Die Loreley - Na voz de Ronny







terça-feira, 29 de outubro de 2013

Angela Wiedl


Um pouco, de maneira resumida, de sua vida...


Com 12 anos já ocupava o palco, no Buam Chiemgau. Desde 1981 cantou no Tegenrseer Alpenquintett, com quem gravou 7 álbuns. Seus pais são cantores de Yodel e seu irmão é cantor de ópera.
Em 1991, lançou um álbum solo. Em 1992 recebeu o Grande Prêmio  Volksmusik, tornando-se conhecida em toda a Alemanha.
Angela Wield foi casada até 2007 com Walter Schmidt com quem teve uma filha - Angelina Maria. Sua filha era acometida de uma doença rara e faleceu em 13 de junho de 2013.
Em 2008 apresenta um novo trabalho com a melhores canções dos seus 30 anos de carreira.
Em 11 de junho de 2008 participou de um Concurso para escolher uma Canção para Munique - Ein Lied für München e sua canção - München leuchtet - foi escolhida.
Em 2009, iniciou um novo relacionamento com o cantor Uwe Erhardt. Casaram-se em setembro de 2011 e em 2012, tiveram um filha.

Sua música....
















Exposição em Frankfurt retrata Albrecht Dürer e seu tempo

Deutsche Welle

Albrecht Dürer é um dos artistas alemães de maior renome. Como pintor e gravador, ele alcançou fama e dinheiro. Mostra no Museu Städel torna visível seu amor pelo detalhe e sua influência mesmo sobre os jovens de hoje.
Detalhe da xilogravura "Os quatro Cavaleiros do Apocalipse" (1497-1498)
"Quando se contempla os Cavaleiros do Apocalipse, é tal a riqueza de detalhes transportada para uma placa grosseira de madeira, que os olhos simplesmente transbordam", aponta Alexandra König. A historiadora de 24 anos estuda na Escola Städel de Belas-Artes e, desde outubro do ano passado, acompanha o planejamento e a montagem da exposição Dürer. Kunst – Künstler – Kontext (Dürer. Arte – Artista – Contexto), atualmente no Museu Städel, em Frankfurt.
Por volta de 280 obras de Albrecht Dürer (1471-1528) e seus contemporâneos estão expostas em dois andares. O visitante atravessa as salas de exposição sobre um tapete felpudo, a luz baixa. As paredes escuras e altas harmonizam com as obras de arte e liberam a visão para o essencial: o talento artístico e técnico do mestre de Nurembergue.
"Os pequenos detalhes escondidos nas xilogravuras são simplesmente inacreditáveis", ressalta König, enquanto observa uma das 16 páginas do Apocalipse penduradas na parede. Dürer dominava a xilogravura como nenhum artista antes dele. "Esse meio foi elevado a um novo nível artístico", assinala.
Marca Dürer
Alexandra König ajudou a montar a exposição
A jovem com longos cabelos ruivos e sedosos conheceu Albrecht Dürer na sala de estar de sua avó. Ela se lembra da famosa imagem de umaLebre. Mas só quando Alexandra König começou a estudar, ela passou a se ocupar intensamente do gravador alemão – em sua época, um superstar da cena artística.
As xilogravuras e gravuras em metal de Dürer foram impressas em grande número e se espalharam rapidamente para além das fronteiras nacionais. "Ele desenvolveu tino para os negócios e estava ciente de como o mercado de arte funcionava", explica König.
Albrecht Dürer logo se transformou numa marca. Seu monograma pode ser visto em todas as obras, valendo como selo de qualidade – e de propriedade intelectual. A dimensão da influência de Dürer sobre os artistas de sua época fica evidente em duas pinturas a óleo que retratam São Jerônimo. Ao lado do quadro de Dürer, vê-se o do holandês Joos van Cleve. A segmentação da imagem e toda a postura do santo no trabalho do holandês correspondem ao modelo de Dürer, até à ponta dos dedos.
De ourives a gravador e pintor
"Livro da Revelação de São João" em 16 xilogravuras (1498-1511)
No início da era moderna, Nurembergue, a cidade onde Dürer nasceu e viveu, era um centro cultural e econômico, o que lhe possibilitou uma fama precoce. Também a proximidade com Frankfurt, cidade de comércio, o beneficiou financeiramente, e ali ele pôde vender seus trabalhos gráficos.
No entanto, o pintor e gravador foi buscar inspiração fora de sua cidade natal. Viagens ao Alto Reno, à Itália e à Holanda puseram-no em contato com artistas e eruditos, e serviram aos negócios. Apesar disso, Alexandra König diz estar certa de que Dürer teria se tornado um artista reconhecido, mesmo em outro ambiente.
A formação como ourives foi decisiva para seu trabalho artístico, explica a historiadora. Assim ele aprendeu a trabalhar superfícies metálicas, e pôde usar esse saber técnico para a execução de gravuras em metal, cuja técnica se assemelha. Também na ourivesaria, tudo depende de traços finos, que Dürer introduziu tanto na gravura quanto na pintura.
História em quadrinhos para o imperador
'"Arco triunfal do imperador Maximiliano 1º" é uma das maiores xilogravuras existentes
Até hoje, o virtuosismo artesanal é fonte de grande parte da fascinação por Albrecht Dürer, acredita König. Por exemplo, no monumentalArco triunfal do imperador Maximiliano 1°.Juntas, suas 36 folhas formam uma xilogravura de 3,5 metros por 3 metros, uma das maiores da história da arte.
O obra também pode ser lida como uma enorme história em quadrinhos, distribuída entre as casas reais para contar e lembrar em textos e imagens as glórias do imperador. As lanças dos guerreiros nas numerosas cenas de batalha, talhadas na madeira com a espessura de um cabelo, são prova a alta qualidade do trabalho.
No segundo andar, o visitante é recebido com a peça central da exposição, o Altar Heller, um tríptico pintado por Dürer e Matthias Grünewald, por encomenda do conselheiro Jakob Heller. Seus painéis, dispersos em museus de Frankfurt e Karlsruhe, foram aqui reunidos. Os estudos preliminares do altar também estão expostos. Isso ilustra bem o objetivo perseguido pelos curadores nesta mostra: concentrar num local as obras de Dürer e posicioná-las no contexto de sua criação.
Arte viva até hoje
Curador Jochen Sander descobre novas facetas de Dürer a cada dia
Segundo Jochen Sander, vice-diretor do Museu Städel e curador da exposição, a atual mostra é uma tentativa de fazer com que Dürer seja visto e compreendido de forma contemporânea. À pergunta por que o artista ainda fascina tantos, Sander tem uma resposta breve: "Ele é simplesmente um bom artista."
O curador admira a forma direta que, em muitas de suas obras, Dürer escolheu para se comunicar com o espectador.
"Estas pessoas que vemos nos retratos já estão mortas há 500 anos, e mesmo assim elas nos afetam, como se fôssemos nos deparar com elas amanhã na Antuérpia, em Frankfurt ou em Nurembergue. A coisa viva, direta: é isso que é fantástico", concluiu.
  • Data 27.10.2013
  • Autoria Kristina Reymann (ca)
  • Edição Augusto Valente
  • Link permanente http://dw.de/p/1A69F