terça-feira, 22 de março de 2016

Dona Emma e sua História - Um Pedaço da Colônia Blumenau

Município de Dona Emma

Vamos conhecer um pouco mais sobre um, dos inúmeros municípios, que surgiu a partir de territórios desmembrados da grande, Colônia Blumenau - Dona Emma.
Os primeiros imigrantes alemães foram alocados para esta parte da Colônia Blumenau no ano de 1919, através da Colônia a Sociedade Colonizadora Hanseática.
Leva de imigrantes destinados a Nova Esperança. 
Atual cidade de Dona Emma - Colônia Hammonia



























Muitos dos imigrantes que chegaram na região, o fizeram por intermédio de companhias colonizadoras, empresas que se comprometiam a assentar determinado número de imigrantes em uma região e a dotá-los de áreas providas de serviços públicos necessários, por meio de contratos de colonização com o governo brasileiro, em troca de uma gleba de terra. As companhias faziam investimentos em meios de transporte, nas obras iniciais de colonização e cediam aos colonos terras e equipamentos gratuitamente ou pelo preço de custo, além de também empregarem agentes recrutadores, hábito que sempre ocorria na prática. Gradativamente, a colônia em expansão se desenvolvia urbanisticamente e ficava mais fácil atrair novos interessados em nela residirem, pois a terra se valorizava cada vez mais. Por meio da valorização, o empreendedor recuperava o capital investido e obtinha lucro sobre as transações. 
Por volta de 1895, uma das áreas mais valorizadas da bacia do Itajaí - banhada pelo rio Hercílio, começou a ser colonizada por meio de concessão dada à Sociedade Colonizadora Hanseática, sediada em Hamburgo, Norte da Alemanha.

Desenhos dos lotes Coloniais da Colônia Hamonia - Atual Ibirama - entre os quais estão os lotes de Dona Emma. Fez parte da Colônia Blumenau. A Colonizadora Hanseática.
A concessão de terras era de aproximadamente  600 mil hectares e compreendia toda a área da bacia do rio Hercílio. 
Arquivo Histórico de Ibirama

No dia 7 de novembro de 1897, saíram da localidade de subida, o Presidente da Sociedade Colonizadora Hanseática - A. W. Sellin, o Eng. Emil Odebrecht, mais sete homens. Subiram o rio Itajaí Açu de canoas, até chegarem na confluência com o Rio Itajaí do Norte, onde passaram a noite. No dia 8 de novembro chegaram à Barra do Ribeirão Taquaras, onde foi oficializada a fundação da Colônia Hammônia. Após analise, concluíram ser  o local adequado para a nova cidade.

Hammônia em   1902  - Lembrando que Dona Emma fazia parte de Hansa Hammonia - que por sua vez, fazia parte da Colônia Blumenau
Em abril de 1898, Emil Odebrecht e os agrimensores Theodor Kleine e Johann Denk, inciaram as medições dos lotes de terras, e a providenciar o mapa hidrográfico do Rio Hercílio e seus afluentes. Com a quantia de um pequeno valor, construíram um galpão para os imigrantes que estava pronto já no final do ano. O primeiro morador oficial da Die Hansa, mais tarde Colônia Hammônia - Willy Lüderwald e sua esposa, chegaram  em julho de 1899. A família ficou instalada no galpão dos imigrantes e Lüderwald, ficou com o cargo de administrador do mesmo.


O agrimensor  José Deeke - marido da Sra. Emma (Que emprestou o nome ao munícípio destaque desta postagem) - assumiu a direção da Colônia Hansa-Hammonia  no ano de 1909 e mantinha ligações diretas com as lideranças do Stadtplatz da Colônia Blumenau. Permaneceu no cargo, durante 20 anos. Foi dentro deste período - ano de 1919 - que surgiu a povoação - dentro da Colônia Hammonia - que recebeu o nome da esposa de José Deeke - Dona Emma. Nesta época, como era comum entre os imigrantes alemães, seguiram um dos afluentes do Rio Hercílio, na época sem nome - Rio Krauel  que na chegada da equipe de medição de terras da Sociedade Hanseática, homenagearam a esposa do Diretor da Colônia, chamando o rio de Dona Emma, o que fez com que toda a região banhada pelas águas do rio e seus afluentes ficasse conhecida como a região de Dona Emma.
Dona Emma - Atualmente sem a presença de edificações históricas neste local, mesmo com tão pouco tempo de história. Os machados e árvores cortadas no brasão justifica a paisagem limpa de mata
Neste período chegaram os primeiros colonos - imigrantes alemães, que adquiriram lotes coloniais na região. Entre as famílias dos primeiros colonos, estavam as famílias de Albert Koglin, Andreas Schwarz, Alfons Ax, Richard Lindner, entre outros. Mais tarde, chegaram mais famílias de imigrantes alemães, descendentes de imigrantes alemães que já viviam na Colônia Blumenau, em localidades como Indaial e Timbó, imigrantes letos e italianos. 

Surgiram pequenos núcleos urbanos, geralmente em torno de um comércio, e um destes núcleos, originalmente batizado de Vila Konder e Nova esperança, foi rebatizado, mais tarde, com o nome de Dona Emma, com o nome do rio - em homenagem à esposa de José Deeke, pai de Hercílio Deeke e avô de Niels Deeke.
O núcleo urbano foi elevado a distrito no dia 26 de janeiro de 1934. Foi novamente rebatizado, agora com o nome do governador do Estado - Gustavo Richard. Não foi muito bem aceito entre os moradores, que continuaram chamando o local de Dona Emma. 
No dia 17 de maio de 1962 o distrito foi elevado a município, e por vontade popular, foi novamente batizado com o nome de Dona Emma.






A instalação do município de Dona Emma aconteceu no dia 15 de junho de 1962, através do decreto SJ 07-06-62/1586. O primeiro prefeito, de maneira provisória, foi nomeado  Erich Kühl.
Casa Comercial Flemming de Nova Esperança - Poucas são as edificações dos pioneiros que restam na paisagem

Antes de se casar com José Deeke, a Sra Emma Maria tinha o nome de solteira de uma família que residia na sede da Colônia Blumenau - Rischbieter. Seus pais foram Carlos Rischbieter e Hedwiges Clasen. Casou-se com José Deeke quando tinha 19 anos e passou a se chamar Emma Maria Rischbieter Deeke. Nasceu no dia 7 de julho de 1885. Residiam em Hammonia - Atual cidade de Ibirama e faleceu em Blumenau, no dia 10 de abril de 1950 - sendo que ficou viúva no ano de 1931.
O atual Prefeito da cidade de Dona Emma é Egon Gabriel Junior.
O município tem uma população de 3723 habitantes, dado do censo do ano de 2010.

Alexander Lenard em Dona Emma - Lénárd  Sandor

Foi um imigrante húngaro, nascido em Budapest, que escolheu Dona Emma para residir. Era médico, escritor, tradutor, pintor, músico, poeta e professor do idioma. Faleceu na cidade de Dona Emma. É internacionalmente conhecido, como uma dos melhores tradutores de latim. Escreveu ficção e não ficção no idioma alemão, latim, húngaro, italiano e inglês.
Em 1920 foi morar com a família, na Áustria. Se formou em medicina na Áustria. Em 1938, por conta do nazismo, fugiu para a Itália. Durante a 2° guerra Mundial, escapou do Regima Fascista e sobreviveu trocando serviço médico por comida e abrigo. Em seus momentos de folga, passava na biblioteca do Vaticano, onde lia em latim, até que se tornou uma linguagem coloquial.
Residência do Dr. Alexander Lenard no sítio que chamava sua "pequena Hungria" -  Dona Emma
Residência do Dr. Alexander Lenard no sítio que chamava sua "pequena Hungria" -  Dona Emma




















































Homenagens em sua terra natal
Hungria
Em 1951 se muda para o Brasil. Mudou-se para Dona Emma. Viveu de maneira humilde, trabalhando como médico até sua morte, no ano de 1972.
Deixou grande material de pesquisa, desenhos e também publicações - história e poesias.
Alexander Lenard receberá  uma postagem exclusiva neste Blog  com sua biografia, pela importância de sua passagem no Estado de Santa Caterina. A primeira vez que ouvimos falar sobre ele foi em uma reunião do IHB -Instituto Histórico de Blumenau, na qual recebemos um DVD com conteúdo apresentado a seguir. Não temos a informação do pesquisador que nos repassou este material - se recebermos colocaremos neste espaço. Importante é compartilhar esta preciosa história. Neste DVD, percebemos que seu trabalho foi tema de estudo de um projeto, do qual tomamos emprestado algumas imagens, que seguem. 

Para ler mais sobre Alexander Lenard - Clicar sobreAlexander Lenard

Desenhos de Alexander Lenard - Região de Dona Emma




















Vídeo - História de Dona Emma

Residência da Família Ax - construída no ano de 1920, com estrutura enxaimel. Foi terminada no ano de 1924 - São poucas, muito pouco as tipologias históricas na cidade. Este exemplar é uma rara tipologia construída com uma grande varanda e teto tipo mansard, diferente do que vinha se construindo, nesta mesma época na Colônia Blumenau, onde estavam construindo os Art Déco.
Estivemos na cidade de Dona Emma no dia 13 de março de 2016.

As imagens Comunicam
Igreja Luterana de Dona Emma

Construção do templo - iniciada no ano de 1932

Construção da igreja luterana segue os estilo neogótico, considerado o estilo nacional do país alemão reunificado no ano de 1871.
Telhado original teve suas telhas trocadas -
antes usadas telhas germânicas ou telhas chatas





Coro - interior da Igreja Luterana Dona Emma









Em uma de suas reformas - a torre teve sia altura elevada
Rua Alberto Koglin




 
Arquitetura dos tijolos a vista característica do norte da Alemanha - Tijolos duas cores








Rua Alberto Koglin

Estabelecimento comercial fechado
com cadeiras junto à rua

 Praça preparada para a Páscoa 






















Mapa de Dona Emma

Leituras Complementares

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17 mar. 2015 ... A partir de 1900, A Sociedade Colonizadora Hanseática, cujos planos de colonização muito sofriam por falta de vias de transporte para os ...
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17 set. 2015 ... Uma dessas empresas teve grande importância e influência na construção da ferrovia na região: a Colonizadora Hanseática (com sede em ...
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Um pouco mais sobre a História... 
da Colônia Blumenau.




4 comentários:

  1. Angelina, simplesmente notável mais esta pesquisa sobre o município de dona Emma que outrora já pertenceu a Colônia Blumenau. O importante que você faz uma relação muito importante com Blumenau e a família Deeke que merece todo nosso carinho e admiração.
    Bom salientar que precisa de muita dedicação para fazer estas pesquisas.
    Parabéns
    Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau.

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    1. Agradecemos o seu retorno, Sr. Adalberto. É um grande prazer poder compartilhar. Abraço grande e tudo de bom.

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  2. Sou filho de Iris Lindner, filha de Richard Lindner, portanto sou neto de Richard e Olga Lindner, um dos pioneiros que se estabeleceram em Dona Emma, morei em Dona Emma no ano de 1968/1969, ainda tenho vários parentes residindo na cidade, gostei muito desse trabalho de pesquisa sobre o início de Dona Emma, muito Obrigado pela postagem desse material, parabéns.

    Gilson

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