quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Nossa Palestra - II Colóquio Catarinense de Genealogia: Colônia Blumenau - O Surgimento dos primeiros Núcleos Urbanos no Vale do Itajaí a partir de seus caminhos - Destaque para Ferrovia.

Palestra proferida por nós no II Colóquio Catarinense de Genealogia - Florianópolis - entre os dias 4 e 6 de setembro de 2015.
Mapa das principais Nucleações - 1905 - Feito por José Deeke
Arquivo histórico Público de Rio do Sul

Colônia Blumenau – Vale do Itajaí   - O Surgimento dos primeiros Núcleos Urbanos no Vale do Itajaí a partir de seus caminhos - Destaque para Ferrovia.
Na década de 1850, quando chegaram os primeiros imigrantes ao Vale do Itajaí, a província de Santa Catarina era desprovida de caminhos para o interior a partir de seu litoral e, no interior, possuía somente o caminho de passagem dos tropeiros que ligava o Rio Grande do Sul e São Paulo, província da qual boa parte do território catarinense fazia parte. Igualmente, o território no qual atualmente está o estado de Santa Catarina era provido de três povoações no litoral: Laguna, Nossa Senhora do Desterro e São Francisco do Sul;e uma no interior: Lages – fundada por decreto, em 1766, para fornecer apoio, segurança e estrutura aos tropeiros e viajantes que percorriam a distância entre o Rio Grande do Sul e São Paulo.
Mapa das estradas de cargueiros e gado na década de 1870 
Fonte: ODEBRECHT, 2006.
Os primeiros imigrantes alemães na região do Vale do Itajaí escolheram o sítio de sua colônia – Colônia Blumenau –, como também sua sede – Stadtplatz –, com intenção de construir uma rede de caminhos integrando regiões e propiciando uma logística para o comércio no interior da província, feito até então, somente de passagem e no litoral. Nestes planos também estava o plano de construir uma ferrovia, transporte que revolucionava a Europa naquele momento. Os territórios da Colônia Blumenau e do Vale do Itajaí são quase os mesmos a partir da grande bacia do Itajaí.
Travessia com canoa no Rio Itajaí do Sul, cavalos à margem (Rio do Sul) 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul



A forma da rede de cidades a partir dos caminhos
Década de 50 – Século XIX

Antes da chegada das grandes levas de imigrantes, a região tinha poucas propriedades rurais isoladas ao longo do rio Itajaí-Açu e de seus afluentes. Os primeiros imigrantes chegaram no início da década de 1850, utilizando embarcações fluviais. Aportavam na sede do primeiro núcleo urbano da Colônia Blumenau, no porto da foz do ribeirão Garcia, no rio Itajaí-Açu.
Mapa da Região do Vale do Itajaí 

Fonte: ODEBRECHT, 2006. 

* Feito pelo engenheiro Emil Odebrecht em 1874
Colônia de Blumenau foi um projeto individual do Sr. Hermann Blumenau e durante algumas décadas foi administrada por ele e por pessoas próximas a ele. A ferrovia já fazia parte dos projetos desses primeiros administradores.
Sr. Hermann Blumenau e a estação ferroviária de sua cidade natal na época que viajou para a região do Vale do Itajaí
“O sistema de transporte coletivo (trem de vapor, bonde elétrico, etc) permitiu que as cidades crescessem ao longo de suas vias, ficando amplos espaços entre as mesmas. Daí, a forma clássica de estrela de todas as grandes cidades do mundo, dotadas de transportes coletivos, até o advento do automóvel.” FERRARI, 1977, p. 428
Localização das primeiras nucleações no Vale do Itajaí e data dos primeiros assentamentos 
Fonte: SANTA CATARINA - Atlas de Santa Catarina, 1986 - Alterado por WITTMANN.
















Antes da chegada das grandes levas de imigrantes, a região tinha poucas propriedades rurais isoladas ao longo do rio Itajaí-Açu e de seus afluentes. Os primeiros imigrantes chegaram, no início da década de 50 do século XIX, utilizando embarcações fluviais. Aportavam na sede do primeiro núcleo urbano da Colônia Blumenau, no porto da foz do ribeirão Garcia, no rio Itajaí-Açu. 
Colônia Blumenau - 1864 Desenho de Joseph Brüggmann















Bacia Hidrográfica Itajaí-Açu

A bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu é a maior bacia da Vertente do Atlântico, no Estado, e seus cursos de água totalizam aproximadamente 24.171 quilômetros de extensão.

Bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu 
Fonte: SANTA CATARINA, Atlas de Santa Catarina (1986) - Alterado
Fábrica de Laticínios Hermann Weege Pomerode 
Primeiras instalações do imigrante - Colônia Blumenau
A construção social do Vale do Itajaí não teve, in loco, nenhum processo econômico anterior ao capitalismo. Não houve o modo de produção feudal, anterior à revolução industrial. 
No projeto de ocupação do território elaborado pelo Sr. Blumenau, estava explícito o modo de produção capitalista com influência da escola iluminista fisiocrática de Quesnay, através do desenvolvimento da agricultura - produção seria beneficiada industrialmente.
Edificação temporária - lote colonial - Família posa para o registro fotográfico






















Em 1766 - fundada Lages, é o primeiro núcleo de povoação no interior do Estado, sem comunicação com o litoral. 
Após a fundação de Lages - Câmara da Vila de Laguna determinou a abertura de uma estrada que a ligasse ao Planalto - acompanhando o curso do rio Tubarão, hoje conhecida como Estrada do Rio do Rastro.
Caminho entre Lages e Laguna, aberto logo após a fundação de Lages
Fonte: GOOGLE MAPS
Nos primeiros anos de povoação na região, a maioria dos moradores do Vale do Itajaí chegava em embarcações pelo rio Itajaí-Açu; outros, em sua minoria, chegavam por picadas temporárias, oriundos do Planalto Serrano.

Sr.  José Deeke
Antes da chegada dos primeiros imigrantes, na região - metade do século XIX, existiam propriedades isoladas de famílias oriundas do litoral e de grupos indígenas nativos. 
Em 1845, o engenheiro belga Sr. Van Lade adquiriu uma légua quadrada de terras à margem direita do rio Itajaí-Açu e fundou uma colônia belga (atual Ilhota).
Após essa iniciativa de Van Lade, as próximas nucleações do Vale do Itajaí aconteceram após a demarcação dos lotes coloniais traçados por agrimensores alemães, como o Sr. José Deeke, Sr. August Wunderwald e Sr. Emil Odebrecht, também responsáveis pelas primeiras picadas oficiais e estradas abertas entre os núcleos do Vale do Itajaí e entre essa região e outras.
Sr. Emil Odebrecht - Primeiro Plano e lotes coloniais

Sr. Emil Odebrecht
 Carta de Emil Odebrecht
Transcrição da Correspondência
“Voltamos da Exploração da Serra, feita entre Lages e o Alto Itajahy e o terreno D´este rio descendo até esta Colonia Blumenau ho preciso para acabar esta empresa fazer os mappasconvienentes como as contas e relações. Necessárias: Findo este tudo: cumprirei-me diligente, conforme da ordem de Va. Exma. ir a lugar da minha designação na Colonia de Príncipe Dom Pedro. 
Deos Guarde a Va. Exma. Illmo. 
Presidente da Província. 
Emílio Odebrecht 
Agrimensor da Colonia
Príncipe Dom Pedro. Outras .”

Carta de Emil Odebrecht
Fonte: Biblioteca da UFSC – Setor de Documentos Raros.
Os colonos construíram os primeiros caminhos até a sede da colônia

Durante os primeiros anos de povoação no Vale do Itajaí, os colonos foram instalados em suas propriedades, ocupando os lotes coloniais ao longo dos leitos fluviais da grande bacia do Itajaí-Açu. 
Os rios foram as primeiras vias de penetração e as canoas – primeiros meios de transporte – geralmente eram confeccionadas com troncos de árvores. As canoas eram úteis e eficientes para trajetos curtos, mas não eram viáveis para todos os locais da colônia.
Balsa no raso de Rio do Sul (Rio do Sul) 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.



























Porto Fluvial no Stadtplatz - Colônia Blumenau
Na sede da colônia também ficava o porto fluvial que escoava para o porto marítimo. Pela necessidade e importância de promover a ligação de suas propriedades ao centro de distribuição da produção para o litoral, os colonos abriram os primeiros caminhos até o Stadtplatz.
Acessibilidade via fluvial (Rio do Sul) 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.


Trabalho público – mão de obra dos colonos
“Os meios de transporte na região nordeste do Estado no século passado e no início deste consistiam em picadas, estrada para carro de bois e os rios. As picadas e estradas foram construídas pelos próprios imigrantes, o que Seyferth determinou “trabalho acessório”, ou seja, os imigrantes deveriam ter um tempo livre e encarregar-se deste trabalho nas adjacências de sua propriedade. Caso não realizassem esta tarefa, o acesso ao centro de comercialização estaria bloqueado. Inexistindo ainda estradas vicinais, corredores para a comercialização da produção, eles participavam na execução de trabalho de caráter público, que consistia na construção de estradas, pontes e outras benfeitorias em troca de um salário medíocre. Não obstante este baixo salário e o tempo dispensado, ele deveria redobrar o trabalho em sua propriedade para que a venda da produção lhe proporcionasse saldar a dívida do terreno.” (VIDOR, 1995, p. 34).
Abertura da Estrada para Ibirama
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.
De acordo com Dagnoni (2000), no ano de 1856 o capitão Ricardo Pinto e sua equipe percorreram a distância entre a atual Alfredo Wagner e Blumenau em 22 dias, levantando informações para a posterior construção do caminho até o Planalto Serrano
A ligação entre a colônia e o planalto fazia parte dos planos do fundador. Novas expedições e estudos foram realizados para a efetivação desse caminho, o que aconteceu alguns anos mais tarde.



Indaial – Salto e Badenfurt

Na década de 60 do século XIX, a ocupação das terras subia o vale. Nas margens do rio Benedito e do rio do Cedro e seus afluentes surgiu a povoação de Carijós, que deveria ser a sede da atual cidade de Indaial –posteriormente transferida para a margem direita do rio Itajaí-Açu
Novas Nucleações – Alto Vale do Itajaí 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.

Em 1861, o assentamento de novos imigrantes originou novas nucleações ao norte da sede da colônia. Surgiram as nucleações de Salto e Badenfurt (atuais bairros de Blumenau). São nucleações que surgiram próximas, porém em margens distintas e por isto segregadas pelo rio Itajaí-Açu.

Local das nucleações do Salto e Badenfurt - 1864 

Fonte: FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU – Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.

Gaspar – Planalto Serrano e Oeste

Também em 1861 foi criada, sob a Lei 509 de 25 de abril, a Freguesia de São Paulo Apóstolo, com sede na povoação de Gaspar. Em 1861, o Sr. Blumenau solicitou novamente ao Imperador a abertura da via de comunicação com o Planalto Serrano.
Em 1863, o engenheiro Emil Odebrecht, e sua equipe, fez sua primeira expedição com o objetivo de estudar a bacia do Itajaí-Açu e encontrar melhor traçado para construir uma estrada que ligasse a Colônia Blumenau ao Oeste de Santa Catarina e ao Planalto Serrano.
Expedição de Emil Odebrecht – para o interior 
Fonte: ODEBRECHT, 2006.




















Expedição de Emil Odebrecht – para o interior 
Fonte: ODEBRECHT, 2006.




Os primeiros caminhos abertos no Vale do Itajaí eram picadas no meio da mata, que forneciam acessibilidade aos locais do vale, onde não existiam vias fluviais.
As picadas foram as primeiras ligações da região com outras regiões, como a ligação de Blumenau a Curitibanos
Mais tarde, com ferramentas rudimentares, os próprios colonos transformaram essas picadas em estradas carroçáveis; estas, posteriormente; estruturaram a malha viária da região a partir dos núcleos urbanos, embriões das principais cidades do Vale do Itajaí na atualidade.

O primeiro caminho por terra, aberto em 1865, ligava a sede da Colônia Blumenau à Itajaí – uma picada na margem direita do rio Itajaí-Açu. Por muitos anos foi usado somente por pedestres, cavaleiros e para a passagem de tropas oriundas do litoral, que abasteciam a colônia de leite e gado de corte e de montaria.
Em 1867, o Sr. Emil Odebrecht iniciou a abertura da picada de ligação da Colônia Blumenau ao Planalto Serrano. 
A ocupação da colônia aumentava com a vinda sucessiva de levas de imigrantes e o aumento de produtos disponíveis para comercialização com os tropeiros do trajeto Curitibanos-Blumenau.
Tropeiros em Alfredo Wagner - 1910
Acervo do Arquivo Público do Paraná

Transcrição (ipsis litteris)
[...] e ainda (ilegível) ficar intelligível e bem compreendido, o muito que sobre muitos e muitos argumentos concernentes teria que dizer.O tempo aqui continua chuvoso e os caminhos vão cheios de lama; talvez, que a lua nova do dia 21 traga o melhoramento desejado e desejável. O Sr. Odebrecht, que muito ouso recommendar à benevolaprotecção de Vª Eª, ainda está em Curitibanos ou visinhança da serra.Digno-me finalmente Vª Eª, de receber, os protestos do meu profundo respeito e da (ilegível) consideração e estima, com que tenho a honra de ver.
Ilmo. e Exmo. Snr.
De Vª Eª
H. Blumenau
Carta de Dr. Blumenau reivindicando a abertura da uma via
Fonte: Biblioteca da UFSC - Setor de Documentos Raros.
Curitibanos – Blumenau

A picada aberta foi usada para a passagem de tropas e concluída no ano de 1878. Por mais de 50 anos, só trilharam neste caminho animais cargueiros e tropas de gado. Até quando surgiram os primeiros veículos motorizados.
Automóvel Ford Modelo T rodando no Alto Vale do Itajaí, em frente a um ponto de pouso da estrada para o Planalto Serrano (início do Século 20) 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.






















Acampamento de Viajantes da Serra Catarinense (Rio do Sul) 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul


O caminho para o Planalto Serrano foi traçado por Emil Odebrecht e se estendia até Trombudo Central e Taió, passando por Südarm – braço do Sul (Rio do Sul), onde o Sr. Blumenau estabeleceu uma povoação. Neste local havia um grande obstáculo natural, a travessia do rio Hercílio. Os viajantes utilizavam o raso de Rio do Sul, 8 km acima da confluência, para que os cargueiros e viajantes pudessem atravessar o rio quando as águas estavam baixas. 
A partir desses obstáculos, os imigrantes buscaram uma alternativa de transporte que efetuasse a ligação desses muitos núcleos que surgiam no Vale do Itajaí para escoar a produção até a sede da colônia, no porto fluvial, e deste até o porto marítimo. Fato previsto no ato da implantação dessa sede.
Travessia do rio Itajaí do Sul, em Rio do Sul, atual local da Ponte Curt Hering
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.
Residências provisórias – locais mais afastados da sede da colônia
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul
Local de travessia no rio, em Rio do Sul e localização do caminho que ligava ao Planalto 
Fonte: SANTA CATARINA - Atlas de Santa Catarina, 1986. Alterado

Colônia de Brusque

Em 1867 foi aberto o caminho que ligava a Colônia Blumenau à Colônia de Brusque, fundada em 1860. O caminho acompanhava a margem direita do ribeirão Garcia.
Novas nucleações urbanas

No final da década de 1860, a Colônia Blumenau tinha uma área ocupada explorada de 1.034 km², com 63 km de estradas “carroçáveis” e 220 km para cavaleiros e pedestres. 
Existiam assentamentos de imigrantes nas localidades de Timbó, Rio dos Cedros, Indaial e Gaspar, com povoações nas duas margens do rio Itajaí-Açu. 
Em 1880 surgem assentamentos de colonos na região que desenvolveria mais tarde a nucleação de Warnow, em Indaial.
Localização das primeiras nucleações no Vale do Itajaí e data dos primeiros assentamentos 
Fonte: SANTA CATARINA - Atlas de Santa Catarina, 1986 - Alterado



Serra de Jaraguá

Ainda na entrada da década de 1870, os assentamentos seguiam para as serras de Jaraguá. A comunicação destas nucleações com a sede da colônia era muito difícil. Alguns trechos do rio Itajaí-Açu apresentavam grandes corredeiras ou mesmolargas distânciasdas margens para atravessia com segurança. Foram colocadas grandes balsas em alguns pontos do rio.
Balsa em Rio do Sul, início do século XX 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.

Mediante ausência de investimentos do governo, em 1871 (ano da unificação do Estado alemão), representantes da comunidade colonial elaboraram uma correspondência contendo um abaixo-assinado com assinaturas de 130 colonos, requisitando à Assembleia Legislativa a abertura de uma estrada “carroçável” na margem esquerda do rio Itajaí-Açu. 
A colônia aumentou sua ocupação Vale acima do leito do rio Benedito em direção a Jaraguá do Sul, surgindo empreendimentos locais, fortalecendo seus comerciantes e fornecedores de produtos. Estavam insatisfeitos com as dificuldades para escoar seus produtos pelos caminhos existentes.
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.

O resultado desta movimentação foi a proposta de implantação de um vapor que trafegasse pelo rio Itajaí-Açu até o porto marítimo de Itajaí. Em 1871, o Kulturverein fez esta reivindicação ao Sr. Blumenau, época em que o engenheiro Sr. Odebrecht fazia a demarcação das terras no Alto Itajaí. Em 1876 chegaram os primeiros colonos italianos à região, oriundos do Tirol austríaco. Estes colonos foram acomodados em lotes entre a confluência dos rios dos Cedros e Benedito. Esses colonos povoaram a “colônia italiana”, formada pelas nucleações de Rio dos Cedros, Ascurra e Aquidaban (atual Apiúna) e Rodeio.
Rio dos Cedros
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul
Nucleação de Apiúna 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul

Nucleação de Apiúna 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul

Em 1887 foi criada a sociedade Companhia Construtora da Estrada Blumenau-Curitibanos, para que melhorasse a antiga picada e a tornasse uma estrada carroçável, esta ligando o Vale do Itajaí ao Planalto Serrano.
Localização das primeiras nucleações no Vale do Itajaí e data dos primeiros assentamentos 
Fonte: SANTA CATARINA - Atlas de Santa Catarina, 1986 - Alterado


Década de 90 do século XIX
Mudanças Sociais –Brasil

O Brasil passava por uma crise econômica que desestabilizava a política do Império. Na região, um coletor de impostos, Sr. José Henrique Flores Filho, assumiu o lugar do fundador (1883), que tinha como principal meta integrar os interesses da economia local à economia do País. 
A abolição da escravatura, em 1888, incendiou os ânimos dos republicanos, fortalecendo-os e culminando com a proclamação da República, surpreendendo os moradores do Vale do Itajaí.
Família imperial brasileira
Sr. Hercílio Luz
O republicano engenheiro Sr. Hercílio Luz, chefe da Comissão de Terras e Colonização de Blumenau, assumiu o governo do Estado em 1893. Em seu governo iniciou-se a construção da ponte do Salto, inaugurada somente em 1923.
Ponte de ferro - Lauro Müller, no dia de sua inauguração - 26 de junho de 1923










Sr. Hercílio Luz fez com que ocorresse com mais frequência a distribuição de concessão de terras na bacia do Itajaí-Açu a Empresas Colonizadoras. Uma dessas empresas teve grande importância e influência na construção da ferrovia na região: a Colonizadora Hanseática (com sede em Hamburgo). Esta empresa foi responsável pela colonização da região banhada pelo rio Itajaí do Norte ou rio Hercílio, em 1897, iniciando-se a nucleação urbana de Hammonia (atual Ibirama).

O sistema de empresas colonizadoras apressou a colonização de grandes extensões de terras no planalto, que foram responsáveis pelo surgimento de outras nucleações no Alto Vale do Itajaí, às margens dos rios do Sul, do Oeste e de seus afluentes. Surgiam as nucleações de Rio do Sul, Ituporanga, Taió e Rio do Oeste, originados do primitivo distrito de Bella Alliança que originalmente era o Südarm.
Núcleo urbano de Hammonia, final do século XIX 
Foto Photographisches Atelier O. Handlug 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul.
A Ferrovia EFSC
Trecho ferroviário EFSC - Apiúna 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul

Trecho ferroviário EFSC - Apiúna 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul
O plano de implantar a ferrovia na região do Vale do Itajaí chegou com os primeiros imigrantes, que já haviam tido contato, em suas cidades de origem, com a revolução industrial e com o processo econômico capitalista que propiciou o início da era moderna. 
Foi adotada a tecnologia ferroviária alemã porque esses imigrantes, durante as primeiras décadas no Vale do Itajaí, mantinham estreitas ligações comerciais e laços afetivos e culturais com seu país de origem, independentemente da hegemonia da tecnologia ferroviária inglesa presente no mundo e em especial no Brasil.

Este fato foi evidenciado na escolha do local de assentamento da sede da colônia de Blumenau à chegada dos primeiros 17 imigrantes em 1850, indicado em um plano (mapa) marcando lotes coloniais nas proximidades da foz do ribeirão Garcia.
O local de implantação da sede da colônia Blumenau, onde se demarcava o final de navegabilidade do rio Itajaí-Açu, foi propositalmente escolhido, já contando com o complemento de um modo de transporte.
Localização das primeiras nucleações no Vale do Itajaí e data dos primeiros assentamentos 
Fonte: SANTA CATARINA - Atlas de Santa Catarina, 1986 - Alterado

O objetivo das lideranças do Vale do Itajaí, desde a época de sua chegada à região, sempre foi o de efetivar a ligação de Colônia Blumenau com o planalto serrano e com a Argentina, por meio da abertura de caminhos. Com a finalidade de criar opções de escoamento comercial e interceptar o caminho das tropas que percorriam a trilha que ligava o Rio Grande do Sul a São Paulo, próximo a Lages. 
Os caminhos em rede na região e a ferrovia escoariam a produção das propriedades rurais que formavam as nucleações urbanas primárias, os embriões que deram origem às muitas cidades atuais do Vale do Itajaí. 
Trecho ferroviário EFSC - Alto Vale – Serra Apiúna 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul

Algumas décadas após a chegada dos primeiros imigrantes, os núcleos urbanos, isolados dentro do processo de produção social estabelecido na região, representavam a fonte primária da matéria-prima que alimentava a emergente indústria familiar local, na virada do século XIX para o século XX.
E, como previa os primeiros planos, era então industrializado o excedente agrícola. Esta configuração social incentivou as lideranças políticas e econômicas locais a buscarem alternativas concretas, para, enfim, se concretizar o plano dos pioneiros – a construção da ferrovia.
Na virada do século XIX para o século XX, o fortalecimento do partido republicano na região e no Brasil resultou em mudanças sociais e econômicas não somente no País como também, especificamente, na região do Vale do Itajaí. Entre elas, o aumento das transações comerciais de terras destinadas a imigrantes, por meio do incremento da concessão de terras na bacia do Itajaí-Açu a empresas colonizadoras, como a Colonizadora Hanseática. Lembrando da grande importância das ações do Governador Hercílio Luz no Vale do Itajaí.
Construção de uma ponte coberta na
 nucleação de Rio dos Cedro
As colonizadoras faziam o papel do Estado no que tange a obras de infraestrutura primária, como a construção de pontes e estradas. As áreas comercializadas quase sempre eram grandes glebas praticamente desabitadas. Quando as empresas colonizadoras tomaram para si estas tarefas, isto não significava que estivessem interessadas em construir e promover a construção e organização espacial destes primeiros núcleos urbanos, mas sim vislumbravam o aumento de sua rentabilidade e negócios por meio do aumento das vendas de terras. Com a construção da infraestrutura básica, as terras eram valorizadas, diante da possibilidade de ligações e comércio com outras regiões.

Em 1897, estando a cargo da Colonizadora Hanseática a negociação das terras da zona da bacia do Itajaí banhada pelo rio Hercílio, essa empresa foi abordada por lideranças políticas e econômicas locais e por investidores alemães ligados ao transporte fluvial e a bancos, para que investisse na construção de uma linha férrea ligando a região do Vale do Hercílio à sede da Colônia Blumenau. Esta obra representava, para a Colonizadora, um aumento de sua rentabilidade com base nas vendas, pois a região, apesar de se encontrar muito bem localizada em um vale com boas terras para a plantação, se encontrava isolada.

Para os investidores de empresas de navegação alemãs, representava a perspectiva de explorar a navegação fluvial no rio Itajaí-Açu. 
Para os banqueiros alemães era a possibilidade de lucros certos, advindos dos juros sobre o capital aplicado, pois, aparentemente, o empreendimento apresentava vários pontos de negócio seguro. 
Trem da Estrada de Ferro Santa Catarina - EFSC 
Fonte: RIO DO SUL (SC) - Arquivo Público Histórico de Rio do Sul

Construída a ferrovia, o desenvolvimento da região foi evidenciado e sua interferência como elemento estruturador da construção da malha urbana destes primeiros núcleos urbanos, embriões das muitas cidades que compõem a rede de cidades da região metropolitana de Blumenau atual, é notória, pelo surgimento de cidades equidistantes ao longo do antigo leito ferroviário
A Colônia Blumenau nasceu como uma empresa agrícolaFoi “espacializada” a partir da idealização e construção dos caminhos, além dos fluviais existentes no território.
Os caminhos? 
Da picada rudimentar à ferrovia, cujo trecho foi inaugurado 6 décadas após a chegada da primeira leva de imigrantes,em 3 de maio de 1909, houve um final feliz! 
Todavia não durou muito, mas por um bom tempo.

O Retorno
Traçado construído, cujo primeiro trecho foi inaugurado em 1909
O Projeto dos idealizadores, durante a implementação da viabilidade do projeto da Ferrovia da Integração como parte do projeto ferroviário nacional, é tão atual que está ocorrendo o mesmo debate de outros tempos. São destacados os mesmos argumentos do início do século XX, quando as lideranças daquele tempo mencionavam a importância do caminho de ferro ligando o porto marítimo ao país vizinho – Argentina – sentido leste-oeste. 
Audiência – FIESC – Florianópolis 15 de março de 2013 – Ministros dos transportes, lideranças estaduais e Comissão Pró Ferrovias do Vale do Itajaí – na Pauta: A Ferrovia da Integração.



No sítio da antiga colônia do Vale do Itajaí, e naturalmente no estado de Santa Catarina, ainda há a presença das marcas estruturais construídas por seus idealizadores na primeira metade do século XX, as quais marcaram o surgimento das principais cidades do interior no Vale do Itajaí a partir de seus caminhos.
Estrutura da Rede de cidades a partir dos primeiros caminhos
 Referências

AMARAL, Max Tavares d´. Contribuição à história da colonização alemã do Vale do Itajaí. São Paulo: Instituto Hans Staden, 1950.
AZEVEDO, Fernando de. Um trem corre para o oeste: estudo sobre a Noroeste e seu papel no sistema de viação nacional. 2.ed. São Paulo: Melhoramentos, 1953. 222p. il. 
DAGNONI, Cátia. Comunicações e transportes no Vale do Itajaí – junho 1991. Nossa História em Revista, Rio do Sul, tomo 2, n. 4, p. 30, set. 2000.
DAGNONI, Cátia. Fechamento da estrada de ferro no Vale do Itajaí. Nossa História em Revista, Rio do Sul, tomo 8, n. 5, p. 65, nov. 2006.
DEEKE, José. Traçado dos primeiros lotes Coloniais da Colônia Blumenau. 1864. In: FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Colônia Blumenau. Mapas.
LAGO, Paulo Fernando. Santa Catarina: a terra, o homem e a economia. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1968.
ODREBRECHT, Rolf. Cartas de família: ensaio biográfico de Emil Odebrecht e ensaio biográfico de seu filho Oswaldo Odebrecht Sênior. Blumenau: Ed. do Autor, 2006. 576 p. il. ; 28x31cm. 
PELUSO JUNIOR, Victor Antonio. Estudos de geografia urbana de Santa Catarina. Florianópolis: Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte: Ed. da UFSC, 1991. 396p, il.
PORATH, Soraia Loechelt. A paisagem de rios urbanos: a presença do Rio Itajaí-Açu na cidade de Blumenau. 2004. 150 f. Dissertação (Mestrado), Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2004.
RIO DO SUL (SC). Arquivo Público Histórico de Rio do Sul. Rio do Sul. Pastas suspensas (100? Fotos); p&b, color; vários tamanhos.
SANTA CATARINA – Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral. Subchefia de Estatística, Geografia e Informática. Atlas de Santa Catarina. Rio de Janeiro, Aerofoto Cruzeiro, 1986. 176 p, tab, graf, col.
SANTA CATARINA MUNICÍPIOS. Trombudo Central. Disponível em: . Acesso em: 28 dez. 2007.
SANTOS, Milton. Natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hicitec, 1996. 308p.
SILVA, José Ferreira da. Estrada de Ferro Santa Catarina – Há Sessenta Anos Emprestando Inestimáveis Serviços ao Vale do Itajaí e ao Nosso Estado. Blumenau em Cadernos, Blumenau, tomo 20, n.5, p. 81-86, maio 1969.
TORLONI, Hilário. Estudo de problemas brasileiros. 20. ed. São Paulo: Pioneira, 1990. 267p. il. 
VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Ed. da FURB, 1995. 248p, il.
WITTMANN, Angelina. A ferrovia no Vale do Itajaí:Estrada de Ferro Santa Catarina–Blumenau: Edifurb, 2010. – 304 p. il.





Aconteceu no dia 5 de Setembro de 2015.
Para ler mais sobre-Clicar sobre: 2º Dia do Colóquio Catarinenese de Genealogia.


























Leitura complementar  - Clicar sobre título escolhido
  1. Correspondência Oficial - 1871 - Hermann Blumenau
  2. Hermann E. L. Wendeburg - Diretor Interino da Colônia Blumenau
  3. Nossa Palestra na Associação Cultural e Recreativa Teuto-Brasileira
  4. Residência Engenheiro da Empresa Força e Luz
  5. Sr. Alwin Schrader e a Granja Modelo do Bairro de Salto Weissbach
  6. Correspondência Oficial - 1867 - Hermann Wanderburg
  7. Correspondência Oficial - Emil Odebrecht - Agrimen...
  8. Correspondência Oficial - Emil Odebrecht - Agrimensor
  9. Correspondência Oficial 1865 - Colônia Blumenau 
  10. Carta do Sr. Blumenau - 1882
  11. Origem do nome do Bairro Garcia - Blumenau
  12. História de Blumenau - 1915 - Fotografia
  13. Correspondência de Hermann Wanderburg 
  14. Salto Weissbach
  15. Peter Christian Feddersen
  16. Santa Catarina teve única ferrovia brasileira
  17. História do Centro Cultural 25 de Julho de Blumenau
  18. Correspondência Oficial - Colônia Blumenau 1
  19. Heinrich Hosang – Primeiro Cervejeiro de Blumenau
  20. Cemitério - local de visitação e História
  21. Entrevista do Sr. Otto Rohkohl - Primeiro Diretor da EFSC
  22. Loja maçônica na colônia Blumenau - Zur Friendenspalmer
  23. Casa Husadel - 120 anos
  24. Schützengesellshaft Blumenau
  25. August Müller e Hermann Müller - Irmãos do Sr. Fritz Müller
  26. Centro histórico de Blumenau - Stadtplatz - Ontem e Hoje
  27. A Ferrovia da Integração - Encontro de trabalhos
  28. Casa Azul - Odebrecht - Apiúna/Subida
  29. Padre José Maria Jacobs - Primeiro Pároco de Blumenau
  30. 100 Anos - Hemmer
  31. Ponte coberta de madeira de Blumenau - Badenfurt
  32. Banda Cruzeiro e sua história - A Banda mais antiga
  33. Rudolf Damm - Repórter - Tradutor e Poeta
  34. Túneis de Blumenau
  35. Local do Primeiro Escritório do Sr. Hermann Blumenau
  36. Foto Editada pelo Google - Ponte Histórica de Badenfurt
  37. Ponte coberta de madeira de Blumenau - Badenfurt
  38. Kulturverein - Die Colonie Blumenau
  39. O Caminho de Blumenau-Curitibanos
  40. Carl Hoepcke - Uma personalidade da História Catar...
  41. Emil Odebrecht e os Caminhos ligando Blumenau ao litoral
  42. Musik in der Nacht
  43. Construção sobre Antigo Porto Fluvial em Blumenau ...
  44. Enxaimel e História na paisagem - Uma tarde Doming...
  45. Fritz e Hermann - Dois Personagens da História
  46. Emil Odebrecht e os Caminhos ligando Blumenau
  47. Enxaimel e História na paisagem
  48. Mansarddach - Uma tipologia de telhado trazida pel...
  49. Momentos - Terceira Oficina - Técnica Construtiva Enxaimel
  50. Vídeos - 1° Oficina Técnica Construtiva do Enxaimel
  51. Imagens em vídeos - Vorfest 2014
  52. Vorfest 2014 - Esquenta do Oktoberfest Blumenau
  53. Momentos - Segunda Oficina - Técnica Construtiva Enxaimel
  54. Momentos - Primeira Oficina - Técnica Construtiva
  55. Conversando sobre o enxaimel e Momentos da 2° Palestra
  56. Incêndio Criminoso no Patrimônio Histórico Arquitetura
  57. Os Primeiros Caminhos no Vale do Itajaí e do interior
  58. 1° Palestra sobre a Técnica Construtiva do Enxaimel
  59. Primeira Estação Ferroviária de Blumenau foi demolida
  60. Momentos - Homenagem ao Imigrante - 25 de Julho
  61. Enxaimel - Palestras e Oficinas da Técnica Construtiva
  62. A Prainha...Praça Juscelino Kubitschek de Oliveir...
  63. Schützenverein Eintracht
  64. Primeiro Núcleo Urbano de Blumenau - Stadtplatz
  65. Usina do Salto - Ponte de Ferro e Rio Itajaí Açú
  66. As embarcações no Rio Itajaí Açú - Blumenau
  67. A Ferrovia no Vale do Itajaí - Parte do Livro
  68. Leitura - Detalhes da Fundação de Blumenau
  69. Um pouco de história da Colônia Hammônia 
  70. Cia Jensen - Pedaços de História de Blumenau
  71. Hermann Bruno Otto Blumenau 
  72. "Quebra Caco" - Uma Tradição que está acabando
  73. O "Alemão" de Pomerode
  74. Blumenau - do Stadtplatz ao Enxaimel
  75. Rua das Palmeiras e o Museu da Família Colonial
  76. José Deeke
  77. Despedida - Niels Deeke
  78. Primeiro Diretor da EFSC - Entrevista ao Sr. Frederico Kilian
  79. A Ponte Lauro Müller - Segunda ponte
  80. A Ferrovia - EFSC
  81. Da Associação dos Proprietários de Imóveis Antigo - Intituto Bertha Blumenau
  82. Porcelana Schmidt - Uma tradição






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