sábado, 19 de outubro de 2013

As Igrejas na Alemanha atual


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Deutsche Welle

Missa ecumênica em Berlim
Mais da metade dos alemães são cristãos. A preferência está dividida quase igualmente entre as principais igrejas — a Católica e a Protestante. Esta última, porém, se distingue por uma grande diversidade.


 
Dos 82,5 milhões de alemães, quase 53 milhões pertencem a uma confissão cristã. A distribuição entre as duas principais religiões é bastante equilibrada. Em 2002, havia 26,211 milhões de protestantes e 26,466 milhões de católicos no país, segundo o Departamento Federal de Estatísticas. Enquanto o protestantismo predomina nos estados do Norte, o catolicismo tem na Baviera (Sul) um de seus principais redutos.

Ao mesmo tempo, o ateísmo é mais propagado no Leste. Segundo uma enquete representativa realizada pelo Instituto Forsa em abril de 2004, enquanto na parte ocidental do país 71% das pessoas acreditam em Deus, na região antes pertencente à Alemanha Oriental, de regime comunista, são apenas 33%. Entre os que têm uma religião, há no Leste mais protestantes do que católicos.

Embora 65% dos alemães (pela média nacional) acreditem em Deus, apenas 15% freqüentam regularmente uma igreja. O 13º Estudo Shell sobre a Juventude revelou um grande desinteresse pelas igrejas. Um quarto dos jovens consultados declararam não ter religião, 17% se consideraram religiosos e os demais mostraram-se indiferentes ou não vêem a religião como algo necessário em suas vidas.

Preocupante para as duas grandes igrejas é o alto número de pessoas que têm se desligado das instituições nos últimos anos. Na Alemanha, a filiação a uma igreja reconhecida como entidade de direito público implica o pagamento do "imposto religioso", com o qual as igrejas financiam seu trabalho e suas instituições. Um milhão e trezentas mil pessoas trabalham em entidades mantidas pelas igrejas Católica e Protestante, que são assim o maior empregador da Alemanha depois do serviço público.

A Igreja Católica Alemã registrou a perda de mais de 3,2 milhões de filiados de 1950 a 2002. As comunidades protestantes tiveram uma perda maior ainda, embora os dados oficiais não sejam comparáveis. Só de 1991 a 2001, elas perderam 2,75 milhões de fiéis. Em 2002, houve mais de 180 mil pedidos de desligamento. No mesmo ano, a católica registrou cerca de 120 mil desistências.

Igreja Católica
A Igreja Católica está organizada em 20 dioceses e sete arquidioceses. A Conferência dos Bispos Alemães, cujo Secretariado fica em Bonn, reúne-se duas vezes por ano em assembléias gerais. A presença de leigos nos diversos trabalhos eclesiásticos e pastorais tornou-se indispensável. O Comitê Central dos Católicos Alemães coordena as atividades leigas, agrupando 140 associações e instituições católicas. 
Comemoração de Corpus Christi
Há um enorme número de ordens religiosas de padres e freiras na Alemanha e inúmeros conventos, mosteiros e abadias. Longa é também a lista de instituições que se dedicam à ajuda caritativa e humanitária, entre as quais se destacam a Caritas, a Malteser, a Adveniat (voltada para a América Latina), a Missio, a Misereor (que se dedica à cooperação com o Terceiro Mundo) e a Renovabis. Os hospitais e sanatórios católicos prestam um grande serviço à comunidade, bem como seus jardins-de-infância e centros de assistência social.


Antigo mosteiro augustiniano em Wittenberg,
 onde morou Lutero em 1524
Igrejas Protestantes

O cristianismo de confissão evangélica na Alemanha se caracteriza pela pluralidade, o que torna até difícil compreender sua ramificação. A partir da Reforma protestante no século 16, em algumas igrejas predominou a influência de Lutero e em outras a dos reformadores suíços Huldrich Zwingli e João Calvino. Isso deu origem à Igreja Luterana e à Igreja Reformada.

A Igreja Evangélica da Alemanha (EKD) não é uma igreja única e sim uma associação de 24 igrejas protestantes amplamente autônomas: 12 unificadas (isto é, luteranas e reformadas unidas à força no passado), dez luteranas e duas reformadas.

A maior, com 3,2 milhões de fiéis, é a Igreja Evangélica Luterana Estadual de Hanôver, seguida da bávara, com 2,7 milhões. Oito das dez igrejas luteranas agruparam-se na Igreja Evangélica Luterana Unificada da Alemanha (VELKD).

Foi somente a partir da Concórdia de Leuenberg, em 1973, que as igrejas luteranas e reformadas da Europa admitiram que pastores pregassem e ministrassem a Santa Ceia reciprocamente. A EKD pertence ao Conselho Mundial das Igrejas e seus laços ecumênicos com os católicos são bem mais estreitos do que a cooperação existente entre a Reformada e a Católica Romana.

Dos anabatistas (que rejeitam o batismo das crianças e rebatizam todos os seus adeptos adultos) e da ala mais radical da Reforma protestante surgiram comunidades como a dos menonitas. Juntamente com outros grupos evangélicos que se formaram principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos – batistas, metodistas ou os adventistas surgidos no século 19 – formaram-se ramos que não integram a EKD e hoje se intitulam Comunidades Evangélicas Livres da Alemanha. Elas incluem a Federação das Comunidades Evangélicas Livres (batistas), a Igreja Metodista Evangélica, o Exército da Salvação, a Federação das Comunidades da Igreja Pentecostal Livre e outras.

A Obra Diaconal concentra boa parte da atividade filantrópica da Igreja Protestante. Ela também mantém hospitais e inúmeros centros para famílias e crianças, de aconselhamento, além de academias para seminários. Pão para o Mundo é sua principal organização voltada para o Terceiro Mundo. A Igreja Evangélica da Baviera, por exemplo, mantém parcerias com a IECLB — Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

Tanto a Igreja Católica quanto a Protestante mantêm escolas primárias, secundárias, profissionalizantes e de nível superior. A maioria dos estudantes de Teologia das duas confissões, porém, freqüenta universidades públicas. Em termos disciplinares, o clero católico jura fidelidade ao celibato, enquanto os pastores protestantes podem casar e constituir família.
Cultos em português

Em grandes cidades, há igrejas que oferecem missas em português e algumas línguas faladas pelos imigrantes. Na Alemanha atuam alguns pastores evangélicos teuto-brasileiros, que realizam cultos em ambos os idiomas. Trata-se geralmente de Comunidades Evangélicas Livres ou Pentecostais.

Em Munique, existe uma Igreja Evangélica Brasileira com cerca de 300 fiéis, que remonta ao trabalho iniciado pelo jogador de futebol Jorginho. Partindo da mesma iniciativa, também surgiram igrejas evangélicas brasileiras em Nurembergue e Karlsruhe. A Igreja Universal do Reino de Deus instalou-se na Alemanha após a reunificação do país, mantendo dois templos, em Berlim e Frankfurt.

Outras religiões
Representantes da Igreja Ortodoxa e da Católica Romana 
participam de missa durante Encontro pela 
Paz Mundial na Catedral de Aachen

A Igreja Católica Antiga também está presente na Alemanha, bem como várias igrejas cristãs ortodoxas, principalmente do Sul e Leste da Europa. Elas têm cerca de 1,1 milhão de fiéis. Há cerca de 3,2 milhões de muçulmanos de 41 nações no país. Trata-se, em sua maioria, de imigrantes turcos ou seus descendentes. Há ainda 150 mil budistas e 100 mil hinduístas. As Testemunhas de Jeová contam com 165 mil adeptos.

A cada dois anos, realizam-se, alternadamente, o Congresso Nacional dos Católicos e o Congresso Nacional dos Evangélicos. Grandes eventos com milhares de pessoas e uma programação de vários dias, eles já se institucionalizaram na Alemanha. Em 2003, foi realizado o primeiro Congresso Nacional Ecumênico, um sinal de que o movimento ecumênico ganhou força nos últimos anos.

Mais de 500 mil judeus viviam no antigo território do Império Alemão. Após a Segunda Guerra e o Holocausto, apenas poucas pessoas de origem judaica continuaram a viver na Alemanha. Hoje, a comunidade judaica conta com cerca de 100 mil integrantes.

As igrejas e o nazismo

O regime nacional-socialista tentou controlar a Igreja Protestante, mas fracassou nesse intento graças ao movimento organizado pelo teólogo Martin Niemöller. Com o Vaticano, foi assinado um acordo em 1933. Houve resistência isolada de fiéis, pastores e sacerdotes, alguns dos quais foram perseguidos e acabaram mortos em campos de concentração, entre eles o jesuíta Alfred Delp e o teólogo Dietrich Bonhoeffer.
Nova Sinagoga de Berlim foi reinaugurada 
em 1995. Foi fortemente afetada pelos 
bombardeios durante a Segunda Guerra
Se ambas as igrejas protestaram contra a eutanásia – o assassínio de doentes desenganados, deficientes físicos e mentais – calaram-se diante da perseguição de judeus, as leis de discriminação racial e o Holocausto. Em 1945, tanto a Igreja Católica como a Protestante reconheceram que seu silêncio perante os crimes perpetrados pelo nazismo as tornou co-responsáveis por omissão. Casos como o do pastor evangélico Heinrich Grüber, que ajudou na fuga de muitos judeus, foram raros. Quase todos seus colaboradores morreram em campos de concentração.






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